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Engels e Clastres: Origem do Estado

Referências:
  •  ENGELS, Friedrich. Estágios pré-históricos de cultura; Barbárie e Civilização. In: A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Rio de Janeiro: Global Editora, 1986, p. 21-28; p.177-201.
  • CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988, p.132-152.
  • KRADER, Lawrence. Evolução, revolução e Estado: Marx e o pensamento etnológico. In: Hobsbawn, História do Marxismo, vol. 1, p.263-300.


1º) ENGELS, Friedrich. Estágios pré-históricos de cultura; Barbárie e Civilização. In: A origem da família, da propriedade privada e do Estado
Objetivo do livro:
·         Buscar as gêneses das sociedades;
·         Esforço de sistematização sobre a teoria do Estado
Sistematizar uma teoria marxista do Estado a partir de pontos teóricos e históricos.

Ponto central do livro:
O Estado e a família não existiram desde sempre, foram criados através das condições materiais de existência. E, se forma criados, poderiam vir a desaparecer.

Tese do livro: Se o Estado nem sempre existiu, ele é uma categoria histórica, ele surgiu a partir de 03 pontos:
·         Propriedade;
·         Divisão social do trabalho;
·         Divisão de classes

Publicado em Zurique, em 1884, O livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado, é de extrema importância para o entendimento de como nossa sociedade chegou aos moldes atuais. Engels começa uma abordagem própria sobre o trabalho de Lewis Henry Morgan, autor das obras de grande importância: “Sistemas de consanguinidade e afinidade da família humana” e “A sociedade antiga”, onde o mesmo aborda como se instituiu relações de parentesco entre mães, pais e filhos, a partir de corroborações de outros autores importantes da época. Contudo, que se esclareça que o autor não se limita a comentários sobre as obras supracitadas, há muito de sua própria pesquisa e concepção sobre o tema.
Críticas vigentes sobre às características do evolucionismo de Morgan: Noção de passagem das noções antigas (primitivas) às modernas:
- Linearidade;
- Centrado na Europa;
- Hierarquia;
- Falta de provas empíricas;
- Ideia de progresso.

Ø  Por que Marx e Engels se interessam por Morgan?
1-      Baseia-se nas condições materiais de existência;
2-      Pesquisa de Morgan é feita entre os iorqueses, que possuem uma sociedade sem classes, a partir daí pode se pensar o comunismo primitivo. 

A influência de Morgan:
·         A classificação do desenvolvimento da humanidade a partir das condições materiais de existência;
·         O Estado como categoria histórica: Os condicionantes do surgimento do Estado - a propriedade privada, a divisão social do trabalho, a divisão da sociedade em classes.

Em um trecho do prefácio, Engels atenta que, “de acordo com a concepção materialista, o fator decisivo na história é, em última, a produção e a reprodução da vida imediata. De um lado, a produção de meios de existência, de produtos alimentícios, habitação, e instrumentos necessários para tudo isso; de outro lado, a produção do homem mesmo, a continuação da espécie”. É nesse argumento que ele irá sustentar suas explanações sobre a constituição da civilização, revivendo parte da teoria da sua obra conjunta com Marx “O Manifesto Comunista”.
Ressalta o autor que a sociedade anterior a nossa, denominada “gentílica” e antiga, é substituída “por uma nova sociedade submetida às relações de propriedade e na qual tem livre curso as contradições de classe e a luta de classes”. A prova dessa mudança pode ser identificada com a passagem da sociedade matriarcal para a patriarcal. Seguindo esse raciocínio, o autor cita a teoria de J. J. Bachofen, autor do livro “Direito Materno”. Nessa obra, Bachfoen afirma que primitivamente, os seres humanos viveram em promiscuidade sexual, que estas relações excluíam toda possibilidade de se estabelecer a paternidade de uma criança, tendo-se, no caso, só certeza da filiação pelo lado materno, e que, por esse motivo, as mulheres gozavam de grande poder. Desse momento histórico surgiria a “ginecocracia”. Ao mesmo tempo em que o cita, Engels acredita que suas considerações são válidas e destaca sua importância, apesar de também afirmar que “estudar a fundo o volumoso livro de Bachofen é um trabalho árduo e, muitas vezes, pouco proveitoso”, reconhece em muitos momentos sua contribuição para o entendimento acerca da temática histórica abordada.
Crítica da antropologia: não existiu um matriarcado, mesmo sem maridos as mulheres eram submissas aos irmãos.


J.F. Mac Lennan, também é citado no início da obra pela sua contribuição com o estudo de “tribos” exóganas, aquelas onde os homens raptavam mulheres de outra tribo para o casamento, e também das “tribos” endógamas, onde os homens só procuravam mulheres na sua própria tribo. O conhecimento de situações como a “poliandria” vem do pensamento desse etnologista escocês. Isso acontecia, segundo Mac Lennan, provavelmente porque, devido as recém-nascidas mulheres serem comumente mortas, havia o número considerável de homens em relação ao de mulheres. O autor é criticado em muitos momentos por Engels por não justificar suas teorias de maneira consistente.

Passada a fase introdutória, Engels começa o livro falando da “pré-história da cultura”, onde o supracitado autor Morgan tem seus estudos sobre os laços de parentesco entre as tribos indígenas então localizadas em Nova York, analisados pelo autor. Engels admite que tais escritos permitiram transformar os traços fundamentais do fundamento pré-histórico da história escrita, e ainda conceber a ideia proposta, através da gens iroquesa, baseada no direito materno e a passagem desse para a predominância do direito paterno, que supostamente ocorreu na Grécia antigaDividindo-se em: estado selvagem, barbárie e civilização, o autor esmiúça cada um desses períodos.

O estado selvagem apresenta-se da seguinte forma:
Engels vai analisar estes três estágios a partir da condição material de existência. A evolução das sociedades se baseiam em: produção de alimentos e na relação de trabalho.
a)      fase inferior: tomando como verdadeira a teoria darwinista que o homem precede do reino animal, o autor explica que, ao certo, os homens viviam, parte de seu tempo, em árvores, e se alimentavam de frutas, uma vez que as criaturas que naquela época habitavam, seriam seus pretensos predadores;
b)     fase média: fase onde o fogo surge como “acessório” a culinária e espécies de animais aquáticos também se incorporam a mesma. Nessa fase, incerteza e liberdade de locomoção fizeram com que tenha perdurado em alguma parte desse momento histórico, a “antropofagia”; e,
c)      fase superior: marcada pela invenção do arco e flecha, do machado, entre outros instrumentos de caça e defesa. Importante colocação feita por Engels ao dizer: “O arco e a flecha foram, para a época selvagem, o que a espada de ferro foi para a barbárie e a arma de fogo para a civilização: a arma decisiva”.

Na barbárie,
a)      a fase inferior destaca-se pela utilização da cerâmica na fabricação de vasos e refratários. Como adverte o autor, nessa fase surge as evidências das diferenças entre os continentes, e em virtude dessas, as populações se desenvolvem de maneiras distintas.
b)      A fase média da barbárie foi marcada pela domesticação de animais e o cultivo de plantas. Engels relata como se propagou em todo o mundo, em cada um dos continentes, no oriente e ocidente, Leste, Oeste, Norte, o desenvolvimento dos meios de sobrevivência das sociedades, as migrações e a forma como viviam, estando elas em diferentes estágios da pré-história cultural. Início da divisão social do trabalho nas tribos pastorais.
- Produção de excedente e a troca (ocasional);
- Propriedade comunal, torna-se aos poucos propriedade privada.
- 1ª divisão social de classes: senhores e escravos (guerra).
c)      A fase superior caracteriza-se pela fundição do minério de ferro.
- Separação entre artesanatos e ofícios manuais;
- Produção mercantil;
- Comércio marítimo;
- Fim do trabalho comunal da terra: “A terra cultivada foi distribuída entre as famílias particulares, a princípio por tempo limitado depois para sempre” (p. 219)
- Divisão da sociedade entre ricos e pobres
- Organização política: chefe militar, conselho
-  Títulos passam a ser hereditários (origem da monarquia e da nobreza).

Ø  Não há Estado, os conflitos externos são resolvidos pela guerra.

Na civilização, encontra-se a invenção da escrita alfabética. Nessa fase, ocorreu um aumento considerável da população, onde o homem desenvolve “a elaboração dos produtos naturais, período da indústria propriamente dita e da arte”.
É o momento do desenvolvimento das forças produtivas e, esta produção de excedente faz com que seja necessário explorar o trabalho alheio, dando origem às classes sociais.
- Engels trata da natureza de classe dos Estado nos diferentes modos de produção

Características da civilização:
- “consolida e aumenta todas essas divisões do trabalho já existentes, acentuando sobretudo o contraste entre a cidade e o campo” (p. 221).
- Terceira divisão social do trabalho: produtores e comerciantes;
- Dinheiro metal;
- Terra se torna mercadoria (transmitida por herança), concentração da riqueza, aumento dos pobres;
- Mercadoria passa a ser o ponto central da sociedade
Relação com o capítulo “A assim chamada acumulação de capital” do livro O capital.

- O surgimento de novos órgãos de poder político.
- No final desse processo de transformação social, é possível identificar o Estado como “um terceiro poder que, situado aparentemente por cima das classes em luta, suprimisse os conflitos entre estas e só permitisse a luta de classes no campo econômico, numa forma dita legal” (p. 226).
O Estado precisa se apresentar como um terceiro para organizar a luta econômica e para fazer isso o Estado precisa ocultar sua natureza de classe que é ocultada pelo arranjo.
Assim, a luta econômica é inevitável e organizada pelo Estado.

®    Quais são as condições para o surgimento do Estado?
A propriedade privada, a divisão do trabalho e as classes sociais são condições para o surgimento do Estado. Se estas condições não mais existirem o Estado deixa de existir.

Engels sintetiza, ao final desse primeiro capítulo, uma análise das ideias de Morgan da seguinte forma:
Por ora, podemos generalizar a classificação de Morgan da forma seguinte: Estado Selvagem. - Período em que predomina a apropriação de produtos da natureza, prontos para ser utilizados; as produções artificiais do homem são, sobretudo, destinadas a facilitar essa apropriação. Barbárie. - Período em que aparecem a criação de gado e a agricultura, e se aprende a incrementar a produção da natureza por meio do trabalho humano. Civilização - Período em que o homem continua aprendendo a elaborar os produtos naturais, período da indústria propriamente dita e da arte”.

 Sendo assim, evidencia-se que, na medida em que as fontes de existência vão se tornando mais abundantes e variadas, também se nota o progresso da humanidade em termos de evolução racional.

®    O que é o Estado para Engels?
a)      Traços constitutivos: povo, território, força pública, imposto, burocracia;
b)      Definição: instrumento a partir do qual a classe economicamente dominante se converte em classe politicamente dominante
c)      Função: conter os antagonismos de classe, a fim de assegurar a reprodução do modo de produção dominante;
Concepção instrumental do Estado: relação de determinação, ou seja, quem controla o econômico controla a política. Será que Marx e Engels possuem uma visão instrumental do Estado? Nem sempre a classe dominante está no poder: exemplo de Luis Bonaparte. E quando a classe dominante não está no poder?
Ou seja, na teoria marxista o Estado tem aparente neutralidade, e equilibra a luta de classes, favorecendo a classe burguesa?

Críticas que se faz a teoria de Estado de Marx e Engels:
Poderia se dizer que a teoria de Marx se baseia no economicismo e no evolucionismo?
Existe um evolucionismo no texto de Engels?
Alguns teóricos defendem que o marxismo é diferente do evolucionismo, porque o rumo da história não está determinado. É possível falar de sucessão dos modos de produção, mas eles não colocam que um modo de produção já está contido no outro, ou seja, o comunismo não estaria no capitalismo. Não existe um único modo de passar de um modo de produção para o outro.
Existe um economicismo na teoria de Engels?
Os meios materiais de produção são importantes, mas há também uma luta política que o Estado deve controlar, de modo que não daria para considerar a luta de classes independentemente da importância política, por isso não é economicista.
- Cartas de 1890 de Engels: em que procura negar a visão economicista da história.
- Weber tem uma leitura economicista de Marx, advinda da 2ª Internacional.

O Estado é instrumento de uma classe ou se apoia nas duas classes para construir um equilíbrio? Uma classe não conseguiria se sobrepor a outra classe, exemplo o bonapartismo: joga com os trabalhadores contra a burguesia e com a burguesia contra os trabalhadores). Engels colocava o bonapartismo como exceção. 
As classes sociais que disputam as condições materiais de existência: a partir delas que se analisa a história, mas esta condição de existência, apesar de ser fundamentalmente econômica, precisa ser analisada a partir também da base política.

Dica:
- Michel Lowy
- “Marx e os outros” – Jean Tible: entende a história como sucessões contínuas e, como as mudanças ocorrem através de forças em conflito, não tem como controlar e prever.
- “Marx tardio” de Pedro Leão da Costa Neto (disponível em Crítica Marxista)
https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/critica17-A-costa.pdf


II Capítulo:

No capítulo seguinte, o autor passa a abordar a família, dando continuidade aos estudos de Morgan sobre os iroqueses. Cada modelo de família reflete a um estágio pré-histórico de cultura, e assim, Engels define e diferencia cada um deles.

A família Consanguínea representa a primeira noção de família em termos de identificação de parentesco que tenha surgido. Pelo método consanguíneo, “os grupos conjugais classificam-se por gerações (...), ascendentes e descentes, os pais e filhos, são os únicos que, reciprocamente, estão excluídos dos direitos e deveres (poderíamos dizer) do matrimônio. Irmãos e irmãs, primos e primas, em primeiro, segundo e restantes graus, são todos, entre si, irmãos e irmãs, e por isso mesmo maridos e mulheres uns dos outros”. Ou seja, irmão e irmã praticavam conjunção carnal entre si. Engels afirma que não há mais vestígios da família consanguínea.
A família Punaluana, é caracterizada pela exclusão das relações carnais entre irmãos e irmãs. Com essa nova categorização, cria-se as categorias de primos e primas e sobrinhos e sobrinhas. As gens são instituídas nesse momento. Com as restrições em relação às práticas sexuais e ao casamento, identificou-se o surgimento das uniões por grupos. Aqui se nota a prática do rapto de mulheres por homens, para serem possuídas por um ou vários desses.
Mais adiante, na família Sindiásmica, já se observa o matrimônio por grupos de homens e mulheres. Contudo, identifica-se aqui que: a poligamia é somente permitida aos homens, ficando as mulheres comprometidas com a fidelidade, afirmando Engels que a mulher que cometesse o adultério seria cruelmente castigada. As relações extraconjugais dos homens com mulheres que não eram casadas (as prostitutas) eram denominadas de heterismo, conceito dado por Morgan.
A prática da monogamia foi instituída posteriormente, fazendo com que a relação matrimonial se consolidasse, pelo menos na teoria. O autor nos explica que a mesma se originou em meio ao “povo mais culto e desenvolvido da antiguidade”. Completa Engels que “foi a primeira forma de família que não se baseava em condições naturais, mas econômicas, e concretamente no triunfo da propriedade privada sobre a propriedade comum primitiva, originada espontaneamente. O surgimento da monogamia nada mais é do que uma sujeição de um sexo pelo outro”. Repetindo a ideia de Marx, o autor reforça que “a primeira divisão de trabalho é a que se fez entre homem e a mulher para a procriação dos filhos”, e ainda acrescenta, afirmando que “o primeiro antagonismo de classes que apareceu na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre homem e a mulher na monogamia”.
Aqui, se identifica claramente a opressão feita de homens sobre mulheres, “sexo feminino sobre o masculino”. Um chefe de sociedade mantendo “a mulher, os filhos e certo número de escravos”, sob suas vontades e poderes era o que se considerava família por povos como os romanos. Surge, então, juntamente com a (ou proveniente da) monogamia, o patriarcado, o novo modelo familiar.
No entanto, a família monogâmica não era prevalência absoluta em todas as regiões e épocas. Por exemplo, a liberdade sexual praticada nas fases barbáries e no estado selvagem não foi completamente abolida com o matrimônio sindiásmico. Notou-se em um momento adiante que entre os gregos, certa liberdade era concedida às mulheres, e assim, o estabelecimento de vínculo matrimonial era dotado da mesma livre escolha concedida aos homens. Engels atribui a essa nova monogamia “o amor sexual individual moderno, anteriormente desconhecido no mundo”.
Posteriormente, após algumas considerações sobre a transformação da sociedade e a instituição da família patriarcal, Engels afirma com segurança que a família individual moderna é fundamentada na “escravidão doméstica, franca ou dissimulada, da mulher”.
 Conclui Engels que, “o matrimônio, pois, só se realizará com toda a liberdade quando, suprimidas a produção capitalista e as condições de propriedade criadas por ela, forem removidas todas as considerações econômicas acessórias que ainda exercem uma influência tão poderosa na escolha dos esposos. Então, o matrimônio já não terá outra causa determinante que não a inclinação recíproca”.
Antes de concluir o tema/capítulo família ele retoma sua abordagem da obra de Morgan, destacando a seguinte declaração do autor: “se se reconhece o fato de que a família tenha atravessado sucessivamente quatro formas e se encontra atualmente na quinta forma, coloca-se a questão de saber se esta forma pode ser duradoura no futuro. A única coisa que se pode responder é que a família deve progredir na medida em que progrida a sociedade. (...) A família é produto do sistema social e refletirá o estado de cultura desse sistema. (...) é lícito pelo menos supor que seja capaz de continuar seu aperfeiçoamento até que chegue à igualdade entre os dois sexos”.

No capítulo III, o autor descreve, com riqueza de detalhes, a gens iroquesa, destacando logo no início do capítulo a importância do tema. Gens significa, em geral, descendência comum, e é usada por Morgan para denominar o grupo de indivíduos consanguíneos.
 Engels faz diversas considerações sobre a gens, dentre tais ele afirma ser essa “uma instituição comum a todos os bárbaros até sua passagem à civilização e mesmo depois dela”. Isso serviu para esclarecer como era estruturada a sociedade antes da instituição e reconhecimento do Estado.
Na tribo iroquesa, mais particularmente a do senekas, primeira estudada por Morgan, os membros eram livres e defendiam-se uns aos outros. Na classificação dada por Morgan e descrita fielmente por Engels, essa tribo era constituída por oito gens, com uma espécie de especificação por nomes de animais. Sendo: 1ª lobo; 2ª urso; 3ª tartaruga; 4ª castor; 5ª cervo; 6ª narceja; 7ª garça; 8ª falcão. Elas tinham os mesmos direitos e deveres, formando uma grande “família-confederação” unida pela consanguinidade, e, portanto, uma primeira noção do que futuramente seria o Estado-nação, tendo inclusive chefes, conselhos e princípios como o da igualdade respeitados.
Atenta Engels que “tal era o aspecto dos homens e da sociedade humana antes que se operasse a divisão em classes sociais. E, se compararmos a situação deles com a da imensa maioria dos homens civilizados de hoje, veremos que é enorme a diferença de condição entre o antigo e livre membro da gens - e o proletário ou o camponês de nossos dias”. Ao mesmo tempo, o autor admite que essa organização mais tarde fosse perecer por já ter vícios iniciais que a fadariam a isso. “Não foi além da tribo; a confederação de tribos já indica o princípio da sua decadência”.

No capítulo IV, o autor aborda a gens grega. Nessa tribo, torna-se regra o casamento com pessoas da própria gens, deixando, portanto, de ocorrer a prática do casamento por grupos. Essa mudança ocasionou, de certa forma, a migração para se adotar o regime patriarcal de sociedade.

Surge nessa tribo, uma subdivisão denominada: “fratrias”, “que era uma gens-mãe dividida em várias gens-filhas, às quais servia de laço de união e que as fazia, amiúde, descender também de um antepassado comum”, reconhecida posteriormente, como uma unidade familiar. A citação desse instituto está relacionada à Grote, que entre outras coisas, nos informa que cada gens ateniense era designada de acordo com seu suposto fundador.

As tribos e os pequenos povos tinham a seguinte organização: a autoridade permanente era o conselho: bulê; a assembléia do povo, convocada para assuntos importantes: ágora; o chefe militar, com atribuições judiciais, militares e religiosas: basileu.

Sintetizando a forma de constituição dessa sociedade, Engels afirma que “a riqueza passa ser valorizada e respeitada como um bem supremo e as antigas instituições da gens são pervertidas para justificar-se a aquisição de riquezas pelo roubo e pela violência”. Sendo assim, entende-se que o autor averigua que há a tendência de com a evolução ter-se a criação de “uma instituição que não só perpetuasse a acumulação e a nascente divisão da sociedade classes, mas também garantisse o direito da classe possuidora em explorar a não-possuidora e o domínio da primeira sobre a segunda - o Estado”.

O capítulo V aborda a gênese do Estado ateniense, onde se pode identificar o desenvolvimento do Estado propriamente dito. Institui-se um poder público central ateniense, de forma hierárquica, sendo percebida nesse momento, uma divisão populacional em três classes sociais: artesãos, agricultores e nobres, categorizando em ordem de importância potencial, dos últimos para os primeiros.
Engels revela que essa situação “é a proclamação nítida do inconciliável antagonismo entre a sociedade gentílica e o Estado; o primeiro sintoma de formação do Estado consiste na destruição dos laços gentílicos, dividindo os membros de cada gens em privilegiados e não privilegiados, e dividindo estes últimos em duas classes, segundo seus ofícios, e opondo-as uma à outra”.
Depois dessa nova classificação, e também por assim dizer, “qualificação” de classes, se estabelece, inevitavelmente, a propriedade privada. De tamanha relevância, a formação do Estado ateniense é um modelo padrão para a formação do “Estado em geral”.
“Portanto, o Estado não existiu eternamente. Houve sociedades que se organizaram sem ele [em que a produção era essencialmente coletiva e o consumo realizava-se através da distribuição direta dos produtos], não tiveram a menor noção do Estado ou do seu poder. Ao chegar a certa fase de desenvolvimento econômico, que estava necessariamente ligada à divisão da sociedade em classes, essa divisão tornou o Estado uma necessidade” (p. 231).

No capítulo VI, Engels expõe o Estado romano e a gens. A estrutura dessa civilização é praticamente a mesma do Estado Ateniense. Ninguém poderia pertencer ao povo romano se não fosse membro de uma gens, consequentemente, de uma cúria (senado que administra um município/tribo/subtribo) e de uma tribo.

Engels explica que “a gestão dos negócios públicos era da competência do Senado, composto dos chefes das trezentas gens, (...) por serem dos mais velhos em suas gens, estes chefes chamavam-se patres, pais; o conjunto deles ficou sendo o Senado (de senex, velho – Conselho de anciãos)”. O Estado romano tinha funções muito parecidas com as a ele atribuídas na atualidade, das quais, elaborar leis e discutir normas de conduta, que eram votadas naquelas tribos, pela assembleia do povo. Foi em Roma, no Estado romano, que essa forma de representação política foi criada.
No entanto, Engels explica que nem todos os membros dessa tribo tinham acesso a assembleia do povo e nem podiam exercer função pública. Os plebeus eram a classe que, por não terem riquezas materiais, nem terras, não podiam participar ativamente da vida em sociedade, não podendo ser considerados como verdadeiros cidadãos por sua condição social.
No capítulo VII e VIII, o autor estuda a gens entre os celtas e entre os germanos e a formação do Estado germano, respectivamente. Algumas características das gens celtas, tribo desenvolvida em sua maioria na Europa (Alemanha, França, Irlanda, Escócia e País de Gales), são: cada família tinha cinco acres de terra para seu cultivo particular; a monogamia ainda não tinha sido instituída, sendo o matrimônio sindiásmico ainda praticado. Com relação às regras matrimoniais, muitas são consideradas por Engels bizarras e inadequadas devido ao seu rigor e as diferenças extremas entre as normas descritas dentro do contrato matrimonial para homens e mulheres. Só para uma rápida exemplificação, a mulher que cometesse adultério, como castigo, poderia ser espancada pelo marido.
Entre os germanos, diferente dos celtas, a mulher era autoridade tanto quanto o homem. Engels destaca que “o direito materno tinha sido substituído pelo paterno; os filhos herdavam do pai, e na falta deles, herdavam os irmãos e os tios, de linha materna ou paterna”. O autor identifica vários vestígios do matriarcado na gens do Estado germano, dando-se muitos privilégios as mulheres, apesar de “que lhe competiam todos os afazeres domésticos”.
A consequência da conquista foi a dissipação do vínculo consangüíneo na gens, fazendo também com que o Estado germano tivesse grande população. O autor atenta que “os povos germanos, donos das províncias romanas, tinham que organizar suas conquistas; mas as massas romanas não podiam ser absorvidas nas corporações gentílicas, nem podiam ser regidas pelo sistema dessas corporações”. As circunstâncias levavam a transformação da sociedade tanto de maneira particular quanto com em aspectos de poder público e representativo.
Critica Engels que “a organização social e a distribuição da propriedade no império romano agonizante correspondiam plenamente ao grau de produção contemporânea na agricultura e na indústria, e por isso eram inevitáveis”, também completa que “o estado da produção não tivera avanços ou recuos de natureza essencial nos quatrocentos anos subsequentes e, também por isso, produzia necessariamente a mesma divisão da propriedade e as mesmas classes sociais”.
Nas considerações do capítulo IX, a Barbárie e a Civilização são abordadas. Na verdade, nessa última fase, Engels faz uma análise da construção e dissolução da gens e a organização social, financeira, e, conjuntamente, cidadã. Engels, inclusive indica a obra de Marx, O capital, para um estudo e entendimento mais aprofundado, e complementar a Morgan, da luta de classes e das situações contraditórias que surgem com a acumulação de riquezas e terras.
            Para concluir, ressalta-se o repúdio de Engels ao fato de nas gens e na tribo haver divisão em diferentes classes. Com relação a divisão do trabalho ele entende que, “é absolutamente espontânea: só existe entre os dois sexos. (...). cada um manda em seu domínio: o homem na floresta, a mulher em casa”. (?)
            Visando enriquecimento, o homem passou a produzir mais do que o necessário para sua manutenção. Passou também a trabalhar mais, na medida em que a criação de gado e agricultura se desenvolviam com extrema rapidez. Além disso, a aparição dos rebanhos e outras riquezas novas, foram responsáveis por uma revolução da família.
Sintetize-se que, “o regime gentílico já estava caduco. Foi destruído pela divisão do trabalho que dividiu a sociedade em classes, e substituído pelo Estado”. Engels conclui que: “Desde que a civilização se baseia na exploração de uma classe por outra, todo o seu desenvolvimento se opera numa constante contradição. Cada progresso na produção é ao mesmo tempo um retrocesso na condição da classe oprimida, isto é, da imensa maioria”. Insiste ele que essa situação não deve prosseguir assim. O bem de todos é mais relevante do que o de uma minoria dominante, que ocupa o topo da pirâmide social.
Que esse raciocínio da obra de Engels seja finalizado com uma consideração de Morgan, que foi conjuntamente analisado, e que resume a pretensão social das informações passadas nos pensamentos desses autores: “a democracia na administração, a fraternidade na sociedade, a igualdade de direitos e a instrução geral farão despontar a próxima etapa superior da sociedade, para a qual tendem constantemente a experiência, a razão, e a ciência. Será uma revivescência da liberdade, igualdade e fraternidade das antigas eras, mas sob uma forma superior”.
Dicas:
Texto “Engels e a origem da opressão da mulher”
“Evolução, Revolução e Estado” - Krader





POSIÇÃO DE CLASTRES

®    Por que Clastres se opõe à formulação sociedade sem Estado?
Clastres não defende a definição de sociedade sem Estado, porque:
a)      Como classificar uma sociedade pela sua ausência? Denota uma visão etnocêntrica.
b)      Expressa valoração;
c)      Clastres defende que a ausência de Estado nestas sociedades não demostra uma deficiência, pois é um ato de vontade.

®    Por que o autor critica a expressão economia de subsistência? Qual sua interpretação para a produção de subsistência?

Segundo Clastres, o termo “economia de subsistência” aponta para uma incapacidade, seja técnica (ausência de desenvolvimento) seja moral (preguiça) ou material (ausência de recursos naturais). Estas características inibem a produção de excedente. Para Clastres é preciso se ter em mente que nestas sociedades havia uma recusa à produção de excedente, como algo inútil.
Como analisar a passagem da recusa do excedente para a vangloria do excedente, como campo material? Hoje o excedente não seria inútil, pois tem uma dimensão simbólica importante, importante para a hierarquia social.

Como se passa para a produção de excedente? É pela força (opressão) que os homens trabalham para produção de excedente. Requer coação.
- Engels: a propriedade privada que cria o Estado;
- Clastres: é a força que cria as classes (inverte Engels).

®    Por que Clastres se opõe à formulação sociedade sem Estado?
Existe poder político sem Estado? Para Clstres é possível, pois o coletivo tem poder sobre o chefe.

®    Como Clastres ecplica o surgimento das classes sociais?
Segundo Clastres, para existir acumulo de propriedade, preciso de um apoio político. Não é a mudança na infraestrutura que muda a superestrutura. Assim, as classes são resultado do Estado (inverte Engels).

®    Como Clastres explica a organização política nas sociedades ditas primitivas?
Clastres defende uma diferença entre Política e Estado (Já colocado por Weber de outra maneira).
Afirma que a chefia é uma lugar de prestígio para resolver conflitos, mas não concentra poder. Como este modelo muda e cria o Estado? Clastres coloca três hipóteses:
1)      Crescimento demográfico: Estado como unificador das tribos atomizadas.
2)      Escravização (colonização), ou seja, conquista externa pela força.
3)      Palavra profética (capacidade de oratória): força a partir da crença, que a partir dela se cria um valor e por isso o profeta é seguido.
Página 143: diferença entre chefe e profeta:
CHEFE
- sem poder de coerção
- tem prestígio
- palavra não fundamenta o comando.
PROFETA
- capazes de aglutinar;
- palavra trás um comando;
- talvez esteja presente a noção de poder (lugar originário do poder)


Crítica central de Clastres: Marx e Engels nunca focaram claramente o que é o poder político.

Dica:
- Marcus Lanna: “As sociedades contra o Estado existem?” – neste texto critica Clastres: Será que o Estado não está presente nas sociedades primitivas, mas sem se manifestar?



Nota-se que o Estado, na teoria de Engels, utiliza diversos recursos de coerção e disciplina, tanto ocultos quanto explícitos, para manter a salvo a propriedade e os privilégios das classes dominantes.
É, em síntese, na noção de posse material e na proteção dessa que reside a principal justificativa para o surgimento do Estado, de acordo com o materialismo histórico. Os antagonismos econômicos entre as classes e a divisão entre exploradores e explorados os elementos responsáveis pela emergência de uma instituição com finalidade coercitiva, tal como é o Estado (ENGELS, 2000).
No entanto, estudos de Antropologia Política têm defendido uma posição diferente acerca da origem do Estado. Pierre Clastres (1990), analisando algumas sociedades primitivas “sem Estado”, como a dos yanomami do norte do Brasil, afirma que o poder político jamais poderia ter surgido a partir das diferenças de classes e da exploração de uns sobre os outros:
O Estado, dizem, é o instrumento que permite à classe dominante exercer sua dominação violenta sobre as classes dominadas. Seja. Para que haja o Estado é necessário, pois, que exista divisão da sociedade em classes sociais antagônicas, ligadas entre si por relação de exploração. Por conseguinte, a estrutura da sociedade – a divisão em classes – deveria preceder a emergência da máquina estatal. Observemos de passagem a fragilidade dessa concepção puramente instrumental do Estado. Se a sociedade é organizada por opressores capazes de explorar os oprimidos, é que essa capacidade de impor a alienação repousa sobre o uso de uma força [coercitiva], isto é, sobre o que faz da própria substância do Estado “monopólio da violência física legítima”. A que necessidade responderia desde então a existência de um Estado, uma vez que sua essência – a violência – é imanente à divisão da sociedade, já que é, nesse sentido, dada antecipadamente na opressão exercida por um grupo social sobre os outros? Ele não seria senão o inútil órgão de uma função preenchida antes e alhures (p.142)”.
Se a exploração de uma classe sobre as outras revela o poder que a classe exploradora possui na sociedade, por que então se justificaria a criação, por essa classe, de uma instituição política destinada a esse mesmo propósito, ou seja, explorar e oprimir? Tal instituição seria, portanto, inútil. É esse o argumento central com o qual Clastres procura refutar a visão do materialismo histórico acerca da origem do Estado. Para ele, ocorre exatamente o processo inverso: “A relação política de poder precede e fundamenta a relação econômica de exploração. Antes de ser econômica, a alienação é política, o poder antecede o trabalho, o econômico é uma derivação do político, a emergência do Estado determina o aparecimento das classes” (p. 139).
As sociedades primitivas, por serem sociedades igualitárias, ou seja, isentas de exploração (ou alienação) do trabalho, são, por esse motivo, sociedades sem Estado. O poder político nessas sociedades é suprimido em sua origem por representar a imposição da vontade individual sobre a da coletividade. O poder maior reside na sociedade (e não nos grupos ou indivíduos) e qualquer tentativa de impor a vontade individual sobre a coletiva é reprimida por esse poder. A divisão do trabalho também é realizada respeitando os padrões de igualdade social, não havendo exploradores nem explorados. Tanto a produção como a apropriação do que é produzido são coletivas, comunitárias. Não havendo propriedade privada, não há desigualdade social. Não havendo desigualdade, não há espaço para o surgimento de uma instituição como o Estado, destinada a impor e perpetuar a diferença na sociedade. Clastres (1990) levanta a seguinte questão: “Por que se teria o surgimento da propriedade privada num tipo de sociedade que ignora, por recusá-la, a propriedade?” (p. 142). E continua, afirmando que: “As sociedades primitivas são sociedades sem Estado porque, nelas, o Estado é impossível” (p. 143).
Desta forma, se não se pode garantir ao certo se foi o poder político que precedeu à divisão da sociedade em classes, determinando, geneticamente, essa divisão (de acordo com o enfoque antropológico defendido por Clastres), ou se foi essa divisão que tornou imprescindível o surgimento de um poder coercitivo estatal, destinado a amortizar os conflitos entre as classes antagônicas (como defende o materialismo histórico), ou seja, se não podemos ter certeza sobre a origem do Estado, por outro lado é possível levantarmos algumas evidências sobre a sua função. Sabe-se que o surgimento do Estado demarca o que se convencionou chamar de civilização. Na verdade, a própria gênese da palavra “civilização” está diretamente relacionada à existência do Estado. Do grego, “civis” significa civil, ou seja, sociedade civil. E a sociedade civil pressupõe a presença de uma esfera política, de um Estado enquanto instituição gestora.

Distinção entre diacrônica e sincrônica na antropologia: Os antropólogos evolucionistas do século XIX se preocupavam com o tempo diacrônico que se caracteriza pelo fluir do tempo e, portanto, pelo processo histórico (cronologia). O seu interesse principal era desvendar as origens da ‘cultura’ ou ‘civilização’. Em contraposição, o tempo sincrônico consiste no momento presente, atual. Os antropólogos modernos, após Malinowski, têm estudado a sociedade e a cultura a partir de um interesse no que ocorre no presente, ou seja, a partir de um enfoque sincrônico. A sua principal preocupação era explicar o presente, e não o que ocorreu antes. A antropologia moderna deixou de se preocupar com as origens da cultura, preferindo explicar o presente, (Entretanto, após os anos 1980, pensou-se que excluir a história e o passado da mira da antropologia era radical demais e a disciplina voltou a discutir a relação entre presente e passado).

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