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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

Bolsonarismo como movimento fascista? Parte 2 – a recusa do debate e da crítica.

No meu texto anterior intitulado “ Bolsonarismo como movimento fascista? Parte 1 – O papel do discurso ideológico” analisei as possíveis relações entre o movimento denominado de bolsonarismo e o movimento fascista, demonstrando que o discurso ideológico que faz parte do movimento fascista também caracteriza o bolsonarismo.  Em consonância com a análise anterior, neste texto, verificarei como a recusa do debate e da crítica, presentes no movimento fascista, se apresentam também no contexto do bolsonarismo. Antes de adentrar no bolsonarismo, penso ser pertinente verificar a relação entre a deliberação e a democracia, a fim de explicitar o risco que a recusa do debate traz para o contexto democrático. É possível encontrar no mínimo duas formas de relacionar deliberação e democracia: de um lado há aqueles que entendem a deliberação como a decisão em si, a escolha que um determinado indivíduo faz quando toma uma decisão (Schumpeter, 1961) [1] . Nesse contexto, a legitimidade resid

Tecnologias Digitais e Capitalismo de Vigilância

Em apenas dez anos as empresas ligadas à tecnologia digital hegemonizaram o ápice do mercado financeiro, indicando enormes concentrações de capital e de expectativa de acumulação nos setores da economia centrados na informação [1] . As duas gigantes do setor, Facebook e Google operam principalmente por meio do leilão de blocos de audiência segmentada, ou seja, ofertam a expectativa de que o conteúdo publicitário terá a atenção de indivíduos com as características exatamente desejadas pelos anunciantes, e que esta expectativa poderá ser comprovada a partir das métricas de interação dos usuários. Tanto a definição dos segmentos, quanto a eficiência do alcance da publicidade prometida pelo Google e Facebook são baseadas na extração de dados dos usuários e seu processamento pelos respectivos algoritmos. Trata-se de uma realidade antecipada pelo conceito de “divíduo”, no qual os seres humanos são tratados pelo poder como segmentações. A função econômica da apropriação dos metadados