DURKHEIM,
Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ORTIZ, Renato. “Durkheim arquiteto e herói fundador” in As Ciências Sociais e o
Trabalho Intelectual, São Paulo, Olho d’Água, 2002
ÉPOCA: Crise da
consciência nacional afetada pela derrota de 1870, o sentimento confuso de uma
traição das classes dirigentes tradicionais e de uma decadência dos valores
estabelecidos combinam-se com repressão exercida sobre a classe operária após a
comuna de Paris. As classes perigosas não foram integradas na sociedade
industrial, foram dizimadas e lançadas à miséria. Esse mal-estar só terá fim
com voto, em 1879, da lei da anistia.
Junta-se a isso a explosão nacionalista, revolta
ideológica contra o universalismo republicano, que por ela será posta em perigo
desde a crise boulangista. Durkheim se orienta para o conhecimento positivo e
científico da sociedade (o companheiro de Durkheim Jaurès, orienta-se para uma
doutrina socialista).
Durkheim (1858-1917) seguidor de Comte, otimista com
relação a Revolução Francesa. Busca estabelecer as reformas sociais para
estabelecer a coesão
social (tema de Durkheim e de
Comte).
Século XIX: apogeu do cientificismo. Esta reforma social só
poderia ser realizada através de uma ciência, que pudesse estabelecer os
princípios necessários para esta reforma. Tendo ainda por base a teoria de
Darwin há nesta época o evolucionismo
social (como seria a evolução da sociedade a luz da evolução das
espécies), que influencia fortemente o pensamento de Comte e Durkheim. Assim
com a evolução das espécies previu princípios básicos de evolução natural que
levou as espécies evoluir ao longo do tempo, umas mais do que outras,
chegando algumas espécies a se perderem. Todas com um passado em comum. Assim
também seria na sociedade, todas possuem um passado comum e umas evoluíram
mais do que outras e esta evolução se deu à medida que a capacidade de
modernização de cada uma das sociedades fossem se revelando. Como se a
evolução social pudesse ser explicada de modo padronizado. Por isso a ciência
da sociedade de Durkheim se realiza a partir de pesquisas sobre quais são os
princípios universais do comportamento social. Quais são os princípios
sociais que deve ser conhecido quando se pretende descrever cada uma das sociedades.
Por isso o método sociológico de Durkheim se realiza a partir dos fatos.
|
Mudanças
da época:
A)
NOÇÃO DE POVO: não
existia na época do iluminismo. Hoje é normal se falar sobre o povo. Mas,
quando se começou a falar sobre povo?
- TEORIA DE
HOBBES: análise contratualista do
Estado é pouco plausível (mas, no século XVII poderia ser usada). No entanto,
traz uma grande mudança, retira a explicação religiosa.
- SURGIMENTO DA
NOÇÃO DE POVO - século XIX: o povo é a entidade que implica em uma
totalidade e nomeia a ordem política.
B)
NOÇÃO DE CIDADANIA: o indivíduo se torna o
centro, ele que tem a liberdade de escolher (pensamento). A cidadania se
assenta no indivíduo. A noção de escolha está muito arraigada na modernidade,
alterando/influenciando a cultura, a política e a sociedade.
Após a Revolução Francesa, a aristocracia é deixada de
lado (uma das marcas simbólicas é que passam a usar preto). Weber trata desta
passagem no livro “o espírito protestante ...”
C)
INVENÇÃO DA GUILHOTINA: como um elemento da
democratização da execução (antes os nobres eram mortos por
machado/decapitação; enquanto os mais pobres eram enforcados).
D)
A IDEIA DE NAÇÃO: todo integrado que não
coincide com o Estado, que é a forma de organização que nasce com a invenção da
cidade (nasce junto com a escrita): aparato que se destaca do restante da
população e rege/administra os problemas sociais.
- A nação se
apoia no Estado, mas integra os indivíduos das diversas classes sociais, em um
todo: todos os que moram em um território chamado França, precisam se
sentir franceses. Antes de ser proletário ou burguês. Para tanto, é preciso
construir uma entidade nacional.
- Já no Brasil, no século XIX: metade da população era
de negro (escravidão), nestas condições não há como se ter uma noção de nação,
porque não tem como ter povo.
CONSTRUÇÃO
DA NAÇÃO: A construção da nação vem junto com a
modernidade nos países industrializados (o que não ocorre no Brasil). A nação
vai integrar aquilo que estava a parte, daí surgem conflitos políticos. Tem-se a Revolução Industrial, que leva a uma revolução
política, que cria a ideia de nação. No final do século XIX, o conceito
de nação já está consolidado.
- O Brasil no século XIX, não é uma nação, no sentido
integrado. Para que se tenha uma nação é preciso que haja território, pessoas,
mobilidade ...
- A escravidão impede a construção da nação. A segregação
não impede a construção da nação, pois no caso das mulheres, elas não possuem
todos os direitos, mas pertencem à nação.
RESIGNIFICAÇÃO
DO TERMO NAÇÃO: o termo nação passa por uma
ressignificação. No século XVIII se usava o termo nação de forma mais restrita,
como algo pequeno: nação dos alfaiates, por exemplo.
Para criar uma identidade nacional é preciso:
1)
LÍNGUA:
necessário impor uma língua
Filme: My fair lady – Fala sobre linguagem e classe
social
|
Durante o governo Vargas, se torna ilegal no Brasil
escolas que ensinam só um idioma que não seja português.
Em casos como a Índia, países africanos, formado por
diversas etnias, há uma dificuldade em formar uma SOLIDARIEDADE ORGÂNICA, para formar a ideia de nação. Nestes casos
foi criado a ideia de povo, de nação a partir de bases conflitivas.
2)
ESCOLA: século XIX – instituição
importante para a construção da nação. O processo de implantação da escola em
sistema primário e secundário ocorre no século XIX.
- Durkheim defende a escola laica.
3) HINO, BANDEIRA:
se tornam importantes no final do século XIX.
PROBLEMA
DOS COMUNISTAS: no pós 2ª guerra mundial, os
socialistas pregam a universalização do espírito humano, mas como juntar
operários de todos os países se antes de serem operários são franceses, alemães,
etc.
|
E)
CRIAÇÃO DO CONCEITO DE TRADIÇÃO:
O Renascimento revisita a antiguidade grego/romana, ou
seja, não se interessa pela antiguidade do Egito, da China, tem uma visão bem
eurocêntrica. O objetivo era ter o olho no passado para recuperá-lo, para que
ele influenciasse a vida presente.
Século
XVI-XVII: houve uma disputa que ficou conhecida como Querela
sobre os antigos e os modernos. O ponto central desta disputa “podemos ter a
sabedoria e a magnificência dos antigos”? Neste caso, moderno e antigo não se
anulam, tentam se equilibrar.
Século XVIII-XIX: se instituiu uma linha do tempo que
dita o progresso, neste momento o antigo se torna tradicional, assim todos que
estão além do tradicional são modernos. Assim, se dá a criação do conceito de
tradição. Visão linear entre passado e futuro, caminhando em direção ao
progresso.
No século XIX, a noção de progresso é construída
seguindo uma série de teorias, como o positivismo, o marxismo etc. A ideia de
progresso passa a ser reorganizado a partir dos anos 70.
SOCIEDADE
TRADICIONAL: sociedades organizadas principalmente em
forma estamental, como ocorre com o Japão depois de 1.500, assim como na Índia.
As funções estão estabelecidas de formas diferentes. Há pouca mobilidade. Esta
contenção se dá também no espaço (pessoas não circulam entre os espaços).
DICA:
a)
Filme: Os aventureiros (1967) –
mostra que só um nobre verdadeiro sabe se portar como um nobre;
b)
Livro: O Conde de Montecristo – o
dinheiro sozinho não serve para mudar a posição no estamento, preciso de
capital cultural e intelectual (internalização de regras). A força do
dinheiro é sinal da nossa modernidade.
|
PESQUISAR: O conceito
de fim da história é criado no fim do XIX, exemplo Hegel, com o conceito
de fim da história.
Hegel: pesquisar o conceito de alienação.
|
OBSERVAÇÃO:
No Brasil: Gilberto Freyre estabelece o fim da
interpretação racista da mestiçagem na década de 30. Para isso, se criam
símbolos, por exemplo, o samba que tradicionalmente é da tradição negra,
passa a ser visto a partir na noção de mestiçagem, pertencentes a todos.
|
F)
NOÇÃO DE CULTURA POPULAR: criada
o século XIX, se torna um espaço de preservação de antigos costumes e tradições
do passado.
Exemplo, os irmãos Grimm, buscam um conceito de nação
alemã que ainda não existe na época. Eles vão atrás de uma mulher que conta
histórias e eles criam sobre estas histórias, pegam a “autenticidade do
passado” e transpassam para o alemão. Antes de apoiavam no francês.
G)
PASSAGEM DO TRADICIONAL PARA O MODERNO:
SOCIEDADE
TRADICIONAL: sociedades organizadas principalmente em
forma estamental, como ocorre com o Japão depois de 1.500, assim como na Índia.
As funções estão estabelecidas de formas diferentes. Há pouca mobilidade. Esta
contenção se dá também no espaço (pessoas não circulam entre os espaços).
MODERNIDADE:
rompe com a produção agrária, rompe com os vínculos que uniam uns aos outros.
Durkheim vai analisar esta mudança a partir do conceito de SOLIDARIEDADE.
Neste momento, pessoas e objeto circulam, a pessoa não
está mais vinculada à ordem anterior: rompe vínculos, fragmenta. Portanto, é preciso criar uma nova ordem que uma esta
fragmentação (depois estes vínculos serão novamente rompidos durante a
globalização).
Dica:
livro “As histórias das viagens de trem”, trata sobre a dificuldade de
mudança de postura dentro do trem, principalmente quando se coloca uma
poltrona de frente para outra.
|
CRIAÇÃO DO OBJETO DA SOCIOLOGIA: antes de
analisar a realidade, é preciso recortar, criar o objeto. A realidade é muito
ampla.
PESQUISAR:
como construir um objeto? Construir a partir de números, dados estatísticos,
entrevistas, ...
|
DICA:
Cultura e Pobreza a partir de Oscar Lewis
Cinco famílias – sobre a máfia ítalo- americana.
|
H)
CRIAÇÃO DA NOÇÃO DE MULTIDÃO:
- A partir do século XIX vem a noção de multidão: algo
homogêneo que dilui tudo, como a noção de identidade. O
século XIX traz um otimismo e também um dilema, pois com o conceito de multidão
se abstrai a identidade.
Existe um livro chamado “Psicologia da multidão”, é
escrito por um ultraconservador que afirma que a multidão tem uma alma coletiva
que precisa de um líder para ser conduzida.
- No século XX, o conceito de multidão é substituído
pela noção de massa, daí Cultura de Massa.
Livro: “O homem na multidão” – Edgar Allan Poe
Baudelaire – “fotografia como...”
|
I)
RACIONALIZAÇÃO DA VIDA: ideal científico
A técnica, como tecnologia passa a existir no século
XIX e vai se modificando desde das fábricas até a vida das pessoas, como o
transporte público.
Exemplo: Reforma de Paris – urbanista moderno.
Ampliação das ruas para que as pessoas se movimentem.
- Racionalidade urbana: organizar espaços urbanos. Vai
da cidade às fábricas: trabalho com o mínio de desperdício, exemplo criação de
calçadas, casas numeradas.
- Neste momento entra a ideia de gerenciamento. A
noção de gestão será trabalhada por Weber.
- O conceito de horas foi inventado mais ou menos em
1800. Depois se universaliza a hora (passa da hora local para a regional). No
século XIX cria-se a ideia de pontualidade.
J) IDEIA DE SECULARIZAÇÃO: atinge o cotidiano.
Ideia defendida por Durkheim, afirmava que ciência e religião são de domínios
diferentes, então um não deve anular o outro. Weber vai tratar desta ideia
quando escrever sobre o DESENCANTAMENTO
DO MUNDO.
- Século XVIII: deslocamento da religião de seu
sentido explicativo (usa-se outras formas para explicar, como ocorre com o
contratualismo);
- século XIX: deslocamento da religião do centro da
vida. Não tem a hegemonia na sociedade que se organiza (ideia também tratada
por Gramsci).
- Durkheim vê a religião como o mundo da representação
simbólica (diferente de Weber e Marx). Uma representação simbólica é
convincente porque ela é coletiva, com a secularização há um esvaziamento do
coletivo. O conceito de representação é diferente do conceito de ideologia.
Dica: conto “o fantasma da rua Morgue” de Edgar Allan
Poe”
- Livro “História da nação Latino-americana - de
Jorge Abelardo Ramos”
- Livro sobre feitiçaria: fala do último julgamento
sobre feitiçaria, mostrando a mudança no sistema jurídico.
- Livro “As catedrais” de Le Gouf – fala sobre as
catedrais e a partir daí trata da história da sociedade (conjunção de espaço
e luz).
- Livro: Paris, capital do século XIX – “As
paisagens” de Benjamim: trata da emergência de lojas de departamento para
tratar do conceito de modernidade.
- “A moderna tradição brasileira”: livro sobre
pós-modernidade e arquitetura.
|
- A modernidade, nos países europeus, passa a
representar rompimentos e rupturas. Quanto mais se circula, mais se perde o
círculo. Neste contexto surgiu a sociologia.
Vivemos em uma modificação da modernidade ou na
pós-modernidade? Dificuldade de analisar houve rupturas e continuidades,
então seria uma mudança radical ou apenas uma modificação?
|
Introdução:
Livro Durkheim: A divisão do trabalho social
OBJETIVO INICIAL DE DURKHEIM: A
elaboração de um método para explicar os fatos sociais. Em 1887 é nomeado para
ensinar pedagogia e ciência social na Universidade de Bordéus, disciplina que
ainda não existia. O primeiro curso dado por Durkheim diz respeito a
“solidariedade social”, é durante este período que descobrirá as bases de seu
método.
“O único meio de demonstrar eu a sociologia é possível
é fazer ver que ela existe, que vive”.
Temas
de interesse de Durkheim:
a)
A família e a natureza dos laços de
parentesco;
b)
Física dos direitos e dos costumes;
c)
A origem e a natureza da religião.
Obras:
1893: Da divisão do trabalho social:
tese de doutoramento;
1895: Regras do método sociológico;
1897: O Suicídio
RESENHA: Regras do método
CAPÍTULO
I
1)
O
que é um fato social? (Teoria do objeto)
Há um grupo determinado de fenômenos em todas as
sociedades que se distinguem dos caracteres que as ciências da natureza
estudam. Fatos que funcionam independentes do uso que faço deles: não os
fizemos, mas os recebemos pela educação, são "maneiras de agir, pensar e
sentir que apresentam essa notável propriedade de existirem fora das consciências
individuais" (DURKHEIM, 2007, p. 2). É, portanto, exterior
ao indivíduo.
·
Os
fatos sociais são objetivos, porque não fui eu que
os fiz, o recebi de fora pela educação.
Esses fatos, como por exemplo, o sistema de signo que
usamos para nos expressar, o sistema de moeda, as práticas observadas na
profissão, também são dotados de uma força coercitiva,
imperativa: se impõem ao indivíduo, independentemente
de sua vontade. Ainda que se possa libertar destas regras, fazê-lo envolve
lutar contra elas. Fato social: "maneiras de agir, pensar e sentir
exteriores ao indivíduo, e que são dotados de um poder de coerção, em virtude
do qual estes fatos se impõem a ele." (ídem, p. 3).
Exemplos
de coerção: máximas morais que levam a repreensão ou a
atos de punição, ou o isolamento social (quando uso uma roupa não adequada, por
exemplo). Nem toda coerção social exclui necessariamente a personalidade
individual. (p.04).
FATOS
SOCIAIS: “Eis portanto
uma ordem de fatos que apresentam características muito especiais: consistem em
maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo e são dotados
de um poder de coerção. ” (p.03) Diferem-se,
portanto, tanto de fenômenos orgânicos (já que consistem em representações e
ações) como de psíquicos (consciência individual).
Não tem o indivíduo como substrato, mas sim
a sociedade (seja a sociedade política em seu conjunto, seja um dos grupos
dentro dela) em seu conjunto, são, portanto, sociais, e domínio
próprio da sociologia. (Há outros fatos que, sem apresentar essa forma
cristalizada, tem a mesma objetividade e ascendência sobre o indivíduo, são as
correntes sociais.)
2)
Só
há fato social onde há organização definida?
(Como no campo religioso, jurídico e financeiro)?
Não
necessariamente, é o que Durkheim chama de correntes
sociais, o que acontece numa assemblei, na qual quando um indivíduo
tenta se impor à consciência coletiva recebe repressão e coerção (os sentimentos que uma pessoa experimenta em uma Assembleia é
diferente de um sentimento experimentado sozinha – daí pessoas serem levadas a
atos de violência quando m conjunto). P.05
3)
Qual
o PAPEL DA EDUCAÇÃO, na propagação dos fatos sociais?
Observa-se a educação das crianças, o caráter
coercitivo para que estas adquiram maneiras de ver, pensar e sentir às quais
jamais chegariam sozinhas: "educação tem
justamente por objeto produzir o ser social" (ídem, p.6). Trata-se da
pressão do meio social para modelar a criança.
4)
Tudo
que é geral é um fato social?
Não, pensamentos que se encontram em todas as
consciências individuais nem por isso são fatos sociais. O fato social é
distinto de suas repercussões individuais. Muitas vezes é difícil de distinguir
as duas instancias. Para separar o fato
social de toda a mistura e observá-lo no seu estado de pureza devemos nos valer
de métodos como a estatística. Exemplo: o casamento, o nascimento e o
suicídio parecem inseparáveis de suas análises individuais, no entanto para
Durkheim, o qual vale não é a motivação individual que levou certo indivíduo a uma
ou outra ação, mas sim a taxa de natalidade, de nupcialidade, de suicídio, que
diz respeito ao Estado de alma coletiva, neste contexto são fatos sociais.
O fato social
exprime certo estado da alma coletiva, suas manifestações privadas têm algo de
social, mas também se relacionam com a constituição
orgâno-psiquica do indivíduo, portanto não são propriamente dito fenômenos
sociológicos: pertencem a dois reinos, sociopsicologia. "Interessam
ao sociólogo sem constituir a matéria imediata da sociologia" (ídem, p.9).
Deve ser geral, justamente por ser coletivo
(obrigatório), e não ser coletivo por ser geral: "ele está em
cada parte porque está no todo, o que é diferente de estar no todo por estar
nas partes" (ídem, p.9). "Se uma maneira de se conduzir, que existe
exteriormente às consciências individuais se generaliza, ela só pode fazê-lo
impondo-se" (ídem, p.11). Um sentimento coletivo que irrompe em uma
assembleia não exprime apenas o que havia de comum entre todos dos sentimentos
individuais, mas é o resultado da vida coletiva destas consciências
individuais.
5)
Qual
é, portanto, o domínio da sociologia?
Eles compreendem apenas um grupo determinado de
fenômenos:
a)
Um fato social se reconhece pelo poder de
coerção que exercer sobre o indivíduo – COERCETIVIDADE;
b)
É difundido no interior do grupo – GENERALIDADE;
c)
Existe independentemente das formas
individuais – OBJETIVIDADE;
“(...) pois, se
uma maneira de se conduzir, que existe exteriormente às consciências
individuais, se generaliza, ela só pode fazê-lo impondo-se” (p. 11)
Em
suma, “É fato social
toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo
uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão
de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria,
independente de suas manifestações individuais”. (p.13)
- Os fatos sociais se relacionam tanto ao fazer (ação) quanto ao ser
(moral). “(...) as maneiras de ser não são senão as maneiras de fazer
consolidadas. ”
Quando
se quer conhecer a forma como uma sociedade se divide politicamente,
isso não deve ocorrer através de uma análise material e
por observações geográficas, pois estas divisões são morais: é apenas
através do direito público que se pode estudar essa organização. (p. 11).
Faz parte do pensamento sociológico de Durkheim pensar a urbanização (referência no fim
da p.11). Estrutura política de uma
sociedade: maneira como diferentes segmentos habituaram-se a viver uns com
os outros. Enfim: "é fato social toda maneira de fazer, fixada ou não,
suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda
maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo,
possui uma existência própria, independentemente de suas manifestações
individuais" (ídem, p. 13)
RESUMO
- CAPÍTULO I
·
Consciência coletiva: conjunto de
representações simbólicas que fazem parte da sociedade e está presente em
cada indivíduo que faz parte desta sociedade.
O
QUE É FATO SOCIAL?
- É um conjunto de relações/raciocínios que Durkheim
usa para entender a sociedade.
O fato social é colocado no nível do inconsciente,
já que estão naturalizados e fazem o indivíduo agir de certa maneira. Existe
um inconsciente no agir das pessoas que une estas pessoas. A função da
sociologia é desnaturalizar, colocar ao nível da razão, da consciência,
aquilo que permeia as relações sociais. É o analista que retira este
“inconsciente” e o racionaliza, isto é, cria a noção de fato social. Assim, o
fato social está no analista e não nas pessoas. O fato social não decorre do
indivíduo, senão seria uma soma dos indivíduos, mas pelo contrário, é o todo
que se faz presente nos indivíduos.
O indivíduo sempre está dentro do fato social, a
partir do momento que vive em sociedade, pois vive num conjunto de relações
sociais que o fazem agir e pensar de certa maneira (isso que Durkheim chama
de fato social). Exemplo: a pessoa se constituiu como ser social e individual
a partir da língua. Não se foge ao imperativo da língua. O indivíduo é
moldado por esta coerção, que vai desde a religião até o fato de se cruzar as
pernas. Elementos que passam por um aprendizado. Nunca se está contra ou a
favor de um fato social, mas sim contra ou a favor ao conjunto de relações
sociais. Pois, um indivíduo que age contra a coerção social de um fato
social, ainda continua inserido dentro da sociedade. Ele vai contra a
consciência coletiva e não contra o fato social.
Não existe um fato social patológico (anômico), um
fato social precisa sempre ser normal. Porque o fato social precisa ser a
regra e não o acidente. Não se pode fundamentar uma ciência sobre algo
conjuntural.
FATOS
SOCIAIS SÃO GERAIS: não precisa acontecer em todos os
indivíduos, mas dizer respeito a regras sociais que são gerais. Neste
contexto, O SUICÍDIO É UM FATO SOCIAL, pois tem como uma das causas a coerção
social (a sociedade produz os suicídios). Durkheim não está preocupado em
analisar as causas do suicídio, o que levou os indivíduos a fazer isso, mas
sim o que o suicídio representa na sociedade. Durkheim entende que o suicídio
é uma necessidade sociológica, vai sempre existir.
PAPEL
DO INDIVÍDUO:
Durkheim, neste capítulo, dá pouco margem de ação ao
indivíduo. Ele nada fala sobre o seguinte ponto: Se o indivíduo toma
consciência do fato social, ou melhor, se toma consciência da coerção social,
o que ele poderia fazer? Quais são as consequências? Durkheim opta por uma
visão holística, sem grande margem para o indivíduo.
·
Durkheim não se propõem analisar,
nestes capítulos, o que se passa na cabeça de um suicida, ou de um criminoso
(qual a intencionalidade por traz da ação), o ponto que interesse é que em
toda a sociedade existe suicídio, existe violência, portanto, eles se
relacionam ao conjunto de relações sociais.
Durkheim quer explicar os fatos sociais desvinculado
do indivíduo. Este é um ponto de crítica à Durkheim.
Para Durkheim, o indivíduo não é livre, porque
existem as coerções que modelam as ações. Durkheim não se interessa pela
questão do ESCLARECIMENTO.
PAPEL
DA PUNIÇÃO: forma de restaurar a solidariedade
coletiva.
O
QUE É ANOMIA: Durkheim trata melhor deste conceito em
outros escritos. Ocorre a anomia quando a sociedade se desfaz, quando não se
tem um Estado. E, as relações sociais passam a ser menos organizadas.
|
CAPÍTULO
II - Regras relativas à observação dos fatos sociais (teoria da relação com o
objeto)
1º
PASSO: entender que o fato social é algo real, ou seja, não
é uma ideia. Para chegar aos fatos sociais, Durkheim procura afastar as
pré-noções, o senso comum, para tanto, é preciso construir um distanciamento.
2º
PASSO: construir um método para se estudar as coerções e as
relações sociais.
COMO CONSTRUIR ESTE DISTANCIAMENTO?
Precisa estabelecer uma alteridade, a partir de
perguntas.
Considerar os fatos sociais como coisas. Homem vive em
meio a coisas sobre as quais formula uma opinião. Há uma crítica ao método dedutivo, segundo o qual
os fatos seriam secundários (diz que esse método não poderia gerar
resultados objetivos). Noções e conceitos não são os substitutos das coisas.
Tal ciência não possui matéria de que se alimentar.
a)
Crítica
ao senso comum
Ao invés de se apoiar em fatos, as pessoas se
acostumam em apoiar em ideias (ideia de sociedade, de Estado) e fazem uma
analise a partir destas ideias, o que de modo algum pode representar a
realidade. Assim, os detalhes e as formas concretas não são percebidos, o
pensamento se apoia nos aspectos mais gerais da existência coletiva de maneira
genérica e aproximada, o que forma as “prenoções”.
Os homens constituem opiniões frente aos objetos que
os rodeiam mesmo antes do surgimento das ciências, são dessas pré-noções de que
nos servimos para a prática cotidiana. "Sentimos sua resistência quando
buscamos libertar-nos delas" (p. 19). Mas a
sociologia tem tratado não de coisas, mas de conceitos/ideias.- crítica de
Durkheim.
“A
reflexão é assim incitada a afastar-se do que é o objeto mesmo da ciência, a
saber o presente e o passado, para lançar-se num único salto em direção ao
futuro”. (p.17)
Neste sentido as pessoas recorrem às ciências não por
explicações, mas por remédio.
Ø O que seria então o
método científico?
- Afirma que até então a sociologia tratou de
conceitos e não de coisas. Lembra que
a) Crítica à Comte: Comte
foge um pouco a regra, já que tratou os fenômenos sociais como fatos naturais,
submissos a lei da natureza e na natureza só existem coisas, mas quando Comte
realiza sua análise sociológica ele faz a partir de ideias e não de coisas. O
ponto central de análise de Comte é o progresso da humanidade no tempo, no
entanto, se trata de uma análise subjetiva, pois na prática este processo não existe
(ao invés de partir da noção de progresso para analisar as sociedades era
preciso partir das sociedades para verificar se existe esta noção de
progresso).
“O que existe, a
única coisa dada a observação, são sociedades particulares que nascem, se desenvolvem
e morrem independentes umas das outras (...) Um povo que substitui i outro não
é simplesmente um prolongamento deste último, com algumas características
novas; ele é outro (...)”. p. 20
Assim, cada sociedade estaria colocada em uma linha geométrica,
mas para Durkheim parece-se mais com uma árvore com suas ramificações e galhos.
Pensar à maneira de Comte, neste aspecto, é ideológico,
porque parte de uma ideia que ele possuía e a usa como modelos para interpretar
a realidade, quando o que deveria ser feito é o inverso (semelhança com
a noção de ideologia em Marx? Neste, inversão do real, em Durkheim, estar
tratando a evolução da humanidade como uma linha reta. Possuem certas
semelhanças).
b)
Crítica
à Spencer: Já Spencer
faz o estudo das sociedades, e não da humanidade (como
Comte).
Crê que as sociedades só existem com cooperação, assim
separa a sociedade em duas classes:
- Cooperação espontânea: sociedades industriais
- Cooperação consciente: sociedades de militares
Trata-se de uma
noção de espírito (creio que poderíamos dizer metafísica). Para afirmarmos que
a cooperação é a essência da vida social teríamos que revisitar todas as
manifestações de existência coletiva. O que faz Spencer
é crer a sociedade como a realização de uma ideia (o que é assim definido não é
a sociedade, mas a ideia que Spencer faz dela).
c)
Crítica
à análise sobre a moral (p.23-4): Ao invés de analisar a
ideia que se faz da moral, é preciso analisar as regras por trás dela.
d)
Crítica
à economia política: Para Stuart Mill, os fatos sociais
se produzem principalmente em vista da aquisição de riquezas (nada nos garante
que exista uma esfera social na qual o desejo de riqueza desempenha papel
preponderante)
- Crítica à
análise sobre a produção: “parte da ideia da produção, decompondo-a,
descobre que ela implica logicamente a de forças naturais, de trabalho, de
instrumento ou de capital e trata a seguir da mesma maneira estas ideias
derivadas” (p.25) – crítica ao método
dedutivo.
-
Noção de valor: modo de proceder defendido por Durkheim “veríamos primeiro o economista
indicar em que se pode reconhecer a coisa chamada por este nome, depois
classificar suas espécies, buscar por indução metódica as causas em função das
quais elas variam, comprar enfim os diversos resultados para obter uma fórmula
geral” (p.25-6)
- Crítica
a lei da oferta e da procura (Adam Smith):
“ela jamais foi estabelecida indutivamente, como expressão da realidade
econômica” (p.27) não foram realizadas comparações para verificar se é de fato
assim que procede as relações econômicas “tudo que se fez foi demonstrar
dialeticamente que os indivíduos devem proceder assim, caso entendam bem seus
interesses” Segundo Durkheim é preciso analisar, como ponto de partida, como os
fatos se encadeiam realmente (leis da natureza) e não a maneira pela qual
deveriam ser encadeados.
e)
Modo
de proceder de Durkheim:
O método
preconiza, então, que se não temos, no presente estagio da sociologia, uma definição
precisa dos conceitos (Estado, liberdade política, soberania, entre outros),
que não os utilizemos, até que estejam cientificamente constituídos. Da mesma maneira
que a física tem como objeto os corpos, e não a ideia que se faz deles.
"Em toda ordem de pesquisas, com efeito, é somente quando a explicação dos
fatos está suficientemente avançada que é possível estabelecer que eles têm um
objetivo e qual é esse objetivo" (p.25).
Teoria só se
torna viável quando a ciência estiver avançada - análise indutiva. Os fenômenos sociais são coisas, e assim devem ser tratados,
são os únicos dados do qual o sociólogo dispõe. Coisa é tudo o que é dado, tudo que se oferece à observação. Como
as noções não são dadas diretamente, para atingi-las somente através da
realidade fenomênica que as exprime. "Considerar fenômenos sociais em si
mesmos, separados dos sujeitos conscientes que os concebem; é preciso
estudá-los de fora, como coisas exteriores, pois é nessa qualidade que eles se
apresentam a nós" (p.28)
“O caráter convencional de uma prática ou de uma
instituição jamais deve ser presumido” (p.29): fatos mais arbitrários
apresentarão certa regularidade, objetividade. Possibilidade de reconhecer uma
coisa pela dificuldade de se produzir uma mudança nela: nos aplica resistência,
muitas vezes impossibilitando a mudança. Necessidade da
sociologia se objetivar, tal como ocorreu com a psicologia cientifica.
Fatos sociais tem mais natural e imediatamente a
característica de coisa: direito existe nos códigos, dados se inscrevem no
estatístico: tendem a se construir fora da consciência, visto que as dominam. Sociologia com vantagem sobre a psicologia: embora os fatos
sejam mais complexos são mais facilmente apreensíveis.
II
Necessidade de regras metodológicas:
1. É preciso
descartar sistematicamente todas as pré-noções (base do método científico).
Não pode utilizar conceitos fora da ciência. Dificuldade:
sentimento sempre se intromete, influenciando à maneira como concebemos as
coisas. Os sentimentos são, eles mesmos, suscetíveis de estudos
sociológicos.
2. Primeiro
procedimento: definir as coisas de que trata. Para ser objetiva, deve
exprimir os fenômenos em função de propriedades que lhe são inerentes (e não
ideais). São essas propriedades tudo o
que sabemos do real, determinam a maneira como fato deve ser agrupado.
Regra: “Jamais tomar por objeto de pesquisas senão um grupo
de fenômenos previamente definidos por certos caracteres exteriores que lhes
são comuns, e compreender na mesma pesquisa todos os que correspondem a
essa definição” (p.36). Modo como os fatos são agrupados depende da natureza
das coisas. Necessidade de construir novos conceitos utilizando uma
terminologia especial: o conceito vulgar serve de indicador, embora por ser
grosseiramente formado difira do científico.
Se tenho por objetivo analisar a violência numa
determinada sociedade, não devo me prender à ação do indivíduo, à sua
intencionalidade, mas sim aos caracteres exteriores que moldam aquela ação,
como por exemplo as regras jurídicas, os hábitos coletivos.
|
É a falta de método que faz com que observadores creem
nos selvagens sem qualquer moralidade: partem da ideia
de que nossa moral é a moral. Aplicando nossa regra, verificando que um
preceito é moral caso haja sanção. Função
da regra 2 é nos fazer entrar em contato com as coisas, e a apreendemos por
meio dos exteriores que ela exprime. 1º e indispensável elo que a ciência
desenrolará. Ciência deve partir da sensação, e
não de conceitos que se formam sem ela, devido ao fato de ser pela sensação que
nos é dado o exterior das coisas. Exprimir as coisas como elas são, não por sua
utilidade: ponto de partida da ciência não poderia ser outro, senão o vulgar,
prático.
3. Sensação é
falsamente objetiva: mais objetivos de serem representados quanto mais
separados dos fatos individuais que os manifestam. Realidade social pode, sem
deixar de ser ela mesma, se cristalizar para que o sociólogo a estude: hábitos coletivos exprimem-se por formas definidas, regras
jurídicas, ditos populares... Um objeto fixo, forma permanente, padrão
constante que não dá margem às impressões subjetivas: “considerá-los por um
lado em que estes se apresentem isolados de suas manifestações individuais”
(p.46). Abordar o reino social onde ele mais se abre à análise científica.
Dica: livro “as seis propostas para o
próximo milênio” de Ítalo Calvino/ “Cidades Invisíveis”.
|
Escreve cinco metáforas sobre a escrita: o escritor
precisa ser leve e preciso, como uma pluma.
|
®
Quais
são as Regras de Observação?
a)
Tratar
os fatos sociais como coisas. Exemplo: crimes. Trata-lo
como coisa é trata-lo objetivamente, o que para Durkheim significa de modo
científico. Ele critica os filósofos, pois estes tratam apenas do que deve ser,
Durkheim pelo contrário fala sobre a realidade.
Observação: segundo o professor, apenas na França e na
Alemanha há uma interligação entre filosofia e sociologia, já nos EUA, na
Inglaterra, não há mais.
b)
Abandonar
as pré-noções.
c)
Definir: Durkheim utiliza
definições, o que é bom para não se perder no meio do caminho, serve como guia
de orientação. O espirito das luzes querem iluminar tudo, mas se houver luz de
mais atrapalha a visão. Para atirar certo é preciso de um alvo, um objeto. Por
isso é importante definir.
d)
Isolar
das manifestações individuais – tema recorrente em
Durkheim.
Observação: Inicialmente Durkheim afirma, no livro
Da divisão do trabalho social, que a sociedade no século XIX se baseia na
solidariedade orgânica, em oposição à tradição, que seria a solidariedade
mecânica. Tempos depois Durkheim reformula a teoria, afirmando que a
sociedade tradicional era orgânica e a do século XIX vivia uma crise de
organização.
O tema do vínculo é essencial para estudar a
sociologia e a moral. Hoje alguns dizem que o vínculo é o consumo.
|
1ª PERGUNTA: Se Durkheim
analisa a sociedade a partir da coerção e dos vínculos sociais, desvinculado
do indivíduo, como ele entende as mudanças sociais? Como uma evolução
natural?
|
2ª PERGUNTA: Durkheim deve ser visto ou
não como positivista?
Positivismo
é a doutrina criada por Augusto Comte que sugere a observação científica da
realidade, cujo conhecimento viabilizaria o estabelecimento de leis universais
para o progresso da sociedade e dos indivíduos. Comte acreditava ser possível
observar a vida social por meio de um modelo científico, interpretando a
história da humanidade, e a partir dessa análise, criar um processo permanente
de melhoria e evolução.
Durkheim
também procura implantar um método científico para estudar a
sociedade, no entanto, há diferenças
entre Comte e Durkheim:
-
Comte crê que se tudo estiver em ordem, isto
é, organizado, a sociedade viverá bem, enquanto Durkheim entende que não se
pode receitar os mesmos “remédios” que serviu a uma sociedade para resolver os
“males” sociais de outras sociedades. E, Durkheim também tenta se desvincular
da ideia de evolução, mesmo que utilize termos eu remonte a um processo
evolucionário, defende que uma sociedade não possui em potência as
características de uma sociedade mais avançada, e que com o passar do tempo
esta potência se torna ato. Mas, sim, cada sociedade tem suas próprias
características.
- Durkheim
pretende quebrar a noção de evolução de complexidade, como se fosse uma mesma
sociedade em graus distintos de evolução (povos primitivos até sociedade
civilizada), afirma que se trata de tipos sociais diferentes e não de um
processo evolutivo linear.
CAPÍTULO
III – Regras relativas à distinção entre normal e patológico (imperativos
práticos)
Durkheim vai analisar a sociedade a partir da metáfora
do corpo humano, o que gera muitas críticas posteriores. O capítulo III é muito
problemático. Segundo Weber, há uma disputa pelo monopólio da definição do que
é normal, por isso é muito difícil definir o que é normal ou não.
Ao dizer que a sociedade é um organismo, coloco a
sociedade dentro da biologia (Spencer), assim nascem teorias racistas. Durkheim
quer quebrar com isso, quer usar a metáfora do organismo como uma forma de
entender a sociedade, ou seja, Durkheim quer entender a teoria das raças a
partir de uma análise sociológica e não biológica. (tenta se desvincular da biologia, mas
continua usando conceitos ligados a biologia, pois a biologia era muito forte
no século XIX).
Início
da tese de Durkheim sobre normal e patológico:
fenômenos sociais capazes de assumir duas formas diferentes, embora não deixem
de ser essencialmente eles próprios: a)
Gerais: se verificam senão em todos na maior parte dos indivíduos, variando
de um sujeito a outro (variações compreendidas dentro de limites) – chamaremos de fatos normais – tipo
normal se confunde com o tipo médio; b)
excepcionais: se verificam na minoria e muitas vezes nem duram muito tempo
(exceção no espaço e tempo) – chamaremos
de fatos patológicos.
Analogia com o fisiologista: este estuda as funções do
organismo médio, tal como o sociólogo. Um fato só pode
ser considerado patológico para uma espécie dada, impossível para um fenômeno a
priori: não julgar as coisas por boas ou más em si mesmas.
Relativismo:
o que é normal para o selvagem nem sempre o é para o civilizado: fato social só
pode ser dito normal para uma espécie determinada com relação a sua fase de
desenvolvimento (analogia com o que consideramos normal para um velho ou uma
criança).
Conceitos reconhecíveis por critérios objetivos sem se
afastarem da noção de saúde e doença. Nenhuma espécie pode ser concebida como
irremediavelmente doente.
II
Procurar explicar a generalidade que caracteriza os
fatos exteriormente. Esclarecer o normal do patológico sobretudo em vistas à
prática.
Um fato pode continuar a existir sem corresponder às
exigências da situação (ex da p.62: evolução, o único tipo normal é o passado)
Dificuldade em se definir o normal e
patológico por causa dos estados de desenvolvimento da sociedade.
“Sairá da dificuldade (...) após ter estabelecido pela
observação que o fato é geral, ele remontará às condições que determinaram essa
generalidade no passado e procurará saber, a seguir, se tais condições ainda se
verificam no presente, ou, ao contrário, se alteram” (p.63). Normalidade:
sincronia; anormalidade: anacronia.
Utilização da historia: dar objetividade (problema do
anacronismo tende a ser resolvido).
É falso que tudo o que é útil seja normal.
O
que é normal e o que é patológico?
Normal: implica em
regularidade, diferente do patológico, que é pontual e acidental. E, por ter
regularidade pode ser analisado pela ciência. Tem como ponto central a analise
a partir dos costumes de uma sociedade.
Patológico: quando as
instituições não conseguem garantir a ordem da sociedade, o que implica uma
desordem latente. É acidental, por isso escapa à análise da ciência (não pode
ser explicado pela ciência). Por que não pode ser explicado pela ciência? É uma
das questões que Durkheim não responde.
As regras sociais não podem ser realizadas. É o que
Durkheim chama de anomia. A anomia se aproxima do patológico. Exemplo: Estado Islâmico - a
organização a partir da desordem.
Patológico é algo que atrapalha o “bom
funcionamento” da sociedade ou retarda seu processo evolutivo.
QUESTÃO: O GENOCÍDIO É PATOLÓGICO?
Não, pois acontece em vários lugares e pode ser
analisado. Acontece segundo certa ordem.
QUESTÃO: A GUERRA É PATOLÓGIO?
Não, a guerra destrói uma ordem anterior, mas não é um
elemento patológico
QUESTÃO: A REVOLUÇÃO É PATOLÓGICO?
Não, pois acontece em vários lugares, portanto, pode
ser analisado de acordo com um padrão.
QUESTÃO: O IMPEACHMENT DA DILMA FOI
PATOLÓGICO?
Não, a quebra das regras no Brasil (retirada da Dilma)
pode ser visto como um golpe, mas não é patológico, por que pode ser explicado.
Dica: The dark face of democracy - Michael Mann
|
CONSCIÊNCIA
COLETIVA: se fortalece a partir da demonização do
crime/do criminoso.
Regras de Durkheim para a separação entre normal e patológico:
1)
Um fato social é normal para um tipo
social determinado, considerada numa fase determinada de seu desenvolvimento, quando ele se reproduz na média das
sociedades dessa espécie, consideradas na fase correspondente da sua
evolução.
2)
Os resultados dos métodos precedentes
podem ser verificados mostrando-se que a
generalidade do fenômeno se deve às condições gerais da vida coletiva, no
tipo social considerado.
3)
Essa verificação é necessária quando este
fato se relaciona a uma espécie social que ainda não consumou sua evolução
integral.
1. Um fato social é normal
para um tipo social determinado, considerado numa fase determinada de seu
desenvolvimento, quando ele se produz na média das sociedades dessa
espécie, consideradas na fase correspondente de sua evolução;
2. Os resultados do método precedente podem ser
verificados mostrando-se que a generalidade do
fenômeno se deve às condições gerais da vida coletiva no tipo social
considerado.
3. Essa verificação é necessária quando esse fato se
relaciona a uma espécie social que ainda não consumou sua evolução integral.
III
– aplicação do método: o crime
Remete-se às particularidades da relação homem
objeto na sociologia. Crime se observa nas sociedades de todos os tipos:
fazer do crime uma doença social é dizer que deriva da constituição
fundamental do ser vivo (seria apagar as distinções entre fisiológico e
patológico). Crime
é anormal quando atinge um índice exagerado: o normal é que haja criminalidade. Dizer que um fenômeno é normal
significa reconhecer que se trata de uma parte integrante de toda sociedade
sadia.
Razões:
1.
Crime é normal pois uma sociedade em que ele não existe seria impossível. É
normal e útil: pois foi essencial para o
desenvolvimento da moral e do direito.
Desenvolvimento não existe sem a heterogeneidade de
pensamentos. Crime ainda é útil por demonstrar
a necessidade de mudança: mostra que o caminho para elas está aberto a
prepara diretamente essas mudanças. Crime
antecipa transformações que um dia viriam a ser necessárias.
Criminoso: agente regular da vida social.
Sociologia tem por objeto o estudo do tipo normal. Sociólogo tem a necessidade de sentir que pode aprender com os
fatos que são objetivos. “para que a sociologia seja realmente uma ciência de
coisas, é preciso que a generalidade dos fenômenos seja tomada como critério
de sua normalidade” (p.75)
Papel do sociólogo é o de médico: previne a eclosão
de doenças pela boa higiene, e caso ocorram é capaz de curá-las. O desejável
é a saúde. Manter o estado normal.
Capítulo IV – Regras relativas à constituição de
tipos sociais (classificação)
Capítulo V – Regras relativas à explicação dos fatos
sociais (explicação)
Capítulo VI – Regras relativas à administração da
prova (prova)
|
CAPÍTULO IV: REGRAS RELATIVAS À CONITUIÇÃO DOS TIPOS SOCIAIS (P.77)
O
QUE SÃO TIPOS SOCIAIS? Durkheim pretende quebrar a noção de
evolução de complexidade, como se fosse uma mesma sociedade em graus distintos
de evolução (povos primitivos até sociedade civilizada), afirma que se trata de
tipos sociais diferentes e não de um processo evolutivo linear. Durkheim afirma
não ser possível analisar a partir de uma taxonomia (usado pelo vetor linear de
análise evolucionista) porque são sociedades diferentes. O que se deve fazer é
estudar as características essenciais da sociedade e as relações entre elas.
Durkheim rompe com a ideia de evolução das
sociedades e também com o NOMINALISMO. Isola os fatos sociais e depois tenta
juntar as explicações nos pontos possíveis.
Existem dois extremos de análise:
- NOMINALISMO:
analisa as sociedades de modo específico, explicação relativista, exemplo: estuda
o tipo indígena A, estuda o tipo indígena B, e considera impossível generalizar
características entre eles.
- Oposto de nominalismo se tem o RELATIVISMO FILOSÓFICO: estuda a noção de humanidade.
O tipo social é um TIPO ANALÍTICO ou ESPÉCIE?
Distinção não bem feita por Durkheim (ela é bem realizada por Weber).
- Tipo analítico: categoria com a qual eu aprendo a
sociedade (tipo ideal);
- Espécie: concretude que ocupa um lugar.
Balzac e Luiz de Azevedo criam tipos sociais
(analíticos) que não são a realidade, são construções.
|
QUAIS
SÃO OS TIPOS SOCIAIS EXISTENTES?
Durkheim afirma que há níveis diferente de
organização, mas quando afirma que uma sociedade se ordena a partir de
diferenças de características que segue a mesma posição, dá a
impressão de ser uma evolução (o que Durkheim não quer), por exemplo: Horda –
Clã – sociedade polissegmentária – etc). Este ponto gera uma ambiguidade na
teoria de Durkheim.
a)
Sociedades
Simples: uma proto-sociedade (se admite que não
existe mais nada antes). HORDA:
grupo onde não há conjunto de regras instituídas, ainda não são plenamente
socializados.
As diferentes sociedades: Horda;
Clã; sociedade polisegmentária simples; sociedade polissegmentária simplesmente
composta; sociedade poli. Duplamente composta. A passagem de uma para outra se
dá a partir da composição e união.
“começar-se-á por classificar as sociedade
segundo o grau de composição que apresentam, tomando como base a sociedade
perfeitamente simples ou de segmento único, no interior destas fases
distinguir-se-ão variedades diferentes conforme se produz, ou com uma
coalescência (junção) completa dos segmentos iniciais”.
CAPÍTULO V: Regras relativas à explicação dos fatos sociais
·
Crítica ao método anterior:
a)
Fundamentalmente psicológicos, focam no
indivíduo;
b)
O que importa não é indivíduo, mas a
relação entre eles (não deve se focar na consciência individual, mas sim na
questão social).
MÉTODO
DE PESQUISA: entrevista, material produzido. Explicação é o ponto de partida para entender
o fato real
COMO ENCONTRAR A ORIGEM DOS FATOS SOCIAIS?
Dentro das relações dos indivíduos. Os fenômenos
sociais precisam ser explicadas pela dimensão intrínseca que possuem e não pela
utilidade (e nem mesmo pela função, mesmo que Durkheim cite este ponto). Não se
explica um fato social por sua função na sociedade, mas sim por causas
anteriores, fatos sociais anteriores.
FUNÇÃO DOS FATOS SOCIAIS E AS CAUSAS QUE O ORIGINARAM
As causas são distintas. A função do fato social pode
assumir várias formas enquanto a causa é algo fixo.
- Os fatos sociais não são necessariamente úteis, mas
a ideia de função parece se ligar à metáfora do organismo. Durkheim não é
funcionalista, mas certas passagens levam a uma ideia funcionalista.
PROBLEMA
SOBRE A CAUSA DOS FENÔMENOS SOCIAIS: implica uma
anterioridade primeira, pois implica um conjunto de fenômenos que se imbricam.
A noção de causa dá uma ideia de determinismo. Neste contexto, não se deve
falar em causa, mas em EMERGÊNCIA. Assim, não é a causa do nazismo, mas a
emergência. Durkheim se preocupa com imanência e não com a precedência
(antecedência).
EXPLICAÇÃO
ENTRE O PSÍQUICO E O NATURAL
·
Hobbes e Rousseau: consciência social é
artificial, criada pelo contrato. Durkheim não concorda com este ponto, mas
concorda que o contrato social é uma forma de coerção. Assim,
a sociedade se funda na coerção. O contrato social se faz por relações
sociais e não se fundamenta no indivíduo.
-
SPENCER E OS ECONOMISTAS: natural, mas
analítica (Smith, a ação individual que cria o mercado, a partir de suas
liberdades). Ênfase no individual e negligência do coletivo (crítica de
Durkheim).
-
DURKHEIM: natural e sintética
Socialização:
crítica
sobre a natureza humana, a existência de uma natureza (ser humano é diferente,
dependendo dos fatos históricos), entender dentro do contexto que viviam. A
explicação de senso comum tem veracidade (poder de convencimento). A função da
sociologia é desnaturalizar.
COERÇÃO:
como a pessoa é moldado por uma série de coisas, por exemplo, a linguagem. Este
é um tema caro à Durkheim. Problema de Durkheim: falta a reação do indivíduo
frente à coerção. A coerção é o elemento coletivo, que
envolve o indivíduo, que tem uma implicação em certos destinos individuais.
TESE
DE DUKHEIM: a divisão do trabalho cria a
solidariedade (diferente de Marx).
A escola de Frankfurt critica Durkheim e afirma que a
sociedade da década de 50 dos EUA viviam em uma solidariedade mecânica (todos
massificados, fazem as mesmas coisas).
Capítulo 6: Regras Relativas à administração das evidências
- Por qual meio demonstrar que um fenômeno é causado
por outro?
COMTE:
a)
Método histórico;
b)
Leis sociológicas;
c)
Não relações de causalidade, mas sentido
de evolução humana.
DURKHEIM
a)
Método comparativo. Explicação
sociológica: relações de causalidade. Ligar um fenômeno a sua causa.
MILL: Experimentação e sociologia. Pluralidade
de causas.
DURKHEIM:
vínculo
causal determinado.
MÉTODO DE COMPARAÇÃO: regras do método
- Método dos resíduos;
- Método de semelhança;
- Método das diferenças;
- Métodos das variações concomitante
Resumo:
INTRODUÇÃO AO AUTOR E AO LIVRO
Necessidade de se criar um método propriamente
sociológico - não havia sido abordada a questão do método em outros sociólogos,
era tudo indeterminado. Desta forma, Durkheim dedica-se
a elaborar um método adaptado à natureza particular dos fenômenos sociais.
Durkheim tem a
preocupação a necessidade de estabelecer a sociologia como ciência, ou seja,
uma era do conhecimento que não dependa das análises pessoais sobre a
realidade, mas sim um conhecimento que vai nascer da observação e
experimentação que os indivíduos fazem da realidade.
Ao analisar os três
grandes livros de Durkheim, pode-se notar a semelhança dos métodos utilizados e
dos resultados obtidos:
a)
No ponto
de partida, uma definição
do fenômeno;
b)
Depois, a refutação das
interpretações anteriores.
c)
Por fim,
uma explicação
propriamente sociológica do fenômeno
considerado.
Nos três livros, as
interpretações anteriores são refutadas e tem a mesma característica: são
interpretações individualistas e racionalizantes. Nos três casos, a explicação
a que chega é essencialmente sociológica, embora o adjetivo tenha em cada livro
um sentido algo diferente. Em Da divisão
do trabalho social a explicação é sociológica
porque propõe a prioridade da sociedade sobre os fenômenos individuais.
Em O Suicídio, o fenômeno social
pelo qual explica o suicídio é o que chama de corrente suicidógena, ou uma
tendência social ao suicídio, que se manifesta, em determinados indivíduos. Em As Formas Elementares da Vida Religiosa,
a explicação sociológica tem dupla característica: de um lado, é a exaltação
coletiva provocada pela reunião de indivíduos num mesmo lugar, que faz surgir o
fenômeno religioso e inspira o sentido do sagrado; de outro lado, é a própria
sociedade que os indivíduos adoram sem o saber.
As regras do método sociológico representam
a formulação abstrata da prática dos dois primeiros livros. O objetivo de Durkheim é demonstrar que pode e deve existir
uma sociologia objetiva e científica, tendo por objeto o fato social. Para
que haja tal sociologia, duas coisas são necessárias:
a)
Que seu objeto seja específico,
distinguindo-se do objeto das outras ciências, e
b)
Que possa ser observado e explicado de modo semelhante ao que acontece com os
fatos observados pelas outras ciências.
Esta dupla exigência leva às duas fórmulas que servem
de fundamento para a metodologia de Durkheim:
1)
É preciso
considerar os fatos sociais como coisas;
2)
A
característica do fato social é que ele exerce uma coerção sobre os indivíduos.
De acordo
com Durkheim, a coerção é apenas a aparência externa, uma característica que
permite reconhecer o fato social. Durkheim parte da ideia de que convém definir os fatos sociais pelas
características externas facilmente reconhecíveis, a fim de evitar os
preconceitos. O perigo deste método é duplo: substituir imperceptivelmente uma
definição, intrínseca, por outra, extrínseca, relacionada com sinais exteriores
reconhecíveis, e pressupor arbitrariamente que todos os fatos classificados
nessa categoria derivam necessariamente de uma mesma causa.
Essa tendência
a ver os fatos sociais como suscetíveis de serem classificados em gêneros e em
espécies aparece no Cap. V, dedicado às regras relativas
à constituição dos tipos sociais.
A classificação
das sociedades, de Durkheim, se baseia no princípio de que o diferente grau de complexidade é que as diferencia.
O ponto de partida é o grupo mais simples, a que
Durkheim chama horda. Depois da horda vem
o clã, que compreende várias famílias e é
a mais simples sociedade historicamente conhecida. Para classificar as outras
sociedades, basta aplicar o mesmo princípio. Este critério permite determinar a natureza de uma sociedade sem
referência às fases históricas, tais como as etapas do desenvolvimento
econômico. – Contraponto a Marx.
Os sociólogos do século XIX, Auguste Comte e
Karl Marx, se esforçaram por
determinar as fases do progresso intelectual, econômico e social da humanidade.
Segundo Durkheim, estas tentativas não levam a nada, pois uma sociedade pode
absorver certo desenvolvimento econômico sem que sua natureza fundamental se
transforme. Contudo, é possível fazer uma classificação cientificamente válida
dos gêneros e espécies de sociedades, com base num critério que reflete a
estrutura da sociedade considerada, como o número dos
segmentos justapostos numa sociedade complexa e o modo de combinação desses segmentos.
As teorias da
definição e classificação dos gêneros e espécies levam à distinção do normal e do patológico. A distinção do normal e do
patológico, desenvolvida no Capitulo III
de As regras do método sociológico, é uma das bases do pensamento de Durkheim. Sua vontade de ser um cientista puro não o impedia de afirmar
que a sociologia não valeria nada se não permitisse o aperfeiçoamento da
sociedade. A distinção entre o normal e o patológico é precisamente uma
das intermediações entre a observação
dos fatos e os preceitos. Se um fenômeno é
patológico, temos um argumento cientifico para justificar projetos de reforma.
Para
Durkheim, será considerado normal o fenômeno que encontrarmos mais
frequentemente numa sociedade dada, num certo momento do seu desenvolvimento. Esta definição da
normalidade não exclui que, subsidiariamente, se procure explicar a causa que
determina a frequência do fenômeno considerado.
Assim como a normalidade é definida
pela generalidade, a
explicação, segundo Durkheim, é definida pela causa. Explicar um fenômeno social é identificar o
fenômeno que o produz. Uma vez estabelecida a causa de um fenômeno,
pode-se procurar igualmente a função que exerce, a sua utilidade. As causas dos fenômenos sociais devem ser
procuradas no meio social. É a estrutura da sociedade considerada que
constitui a causa dos fenômenos que a sociologia quer explicar.
A explicação dos fenômenos pelo meio
social se opõe à explicação histórica segundo a qual a causa de um fenômeno deveria ser procurada
no estado anterior da sociedade. Durkheim pensa que se podem explicar os fenômenos sociais pelas
condições concomitantes. De certa maneira, a causalidade eficiente do meio social representa, para Durkheim, a
condição da existência da sociologia cientifica.
Esta teoria da
sociologia cientifica se fundamenta numa afirmativa central do pensamento de
Durkheim: a sociedade é uma realidade de
natureza diferente das realidades individuais. Todo fato social tem como causa um outro fato
social, e nunca um fato da psicologia individual.
Este é o centro do
pensamento metodológico de Durkheim. Para ele o fato
social é específico, provocado pela associação dos indivíduos, e diferente,
pela sua natureza, do que se passa no nível das consciências individuais. Os
fatos sociais podem ser objeto de uma ciência geral porque se distribuem em categorias, e os próprios
conjuntos sociais podem ser classificados em gêneros e espécies.
Comentários
Postar um comentário