Pular para o conteúdo principal

Marxismo e Movimentos Sociais

 Análise do artigo “Marxismo e Movimento Sociais” de Andreia Galvão.

Objetivo do artigo: analisar a contribuição do marxismo para os movimentos sociais.

Método de análise: o artigo parte de duas premissas:
a) Não há uma teoria marxista dos movimentos sociais plenamente desenvolvida e articulada. Isso porque se priorizou a análise da forma partido e sindicato, vinculando os movimentos sociais a condição de classe. Tal perspectiva foi posta à prova depois da emergência dos “novos movimentos sociais” na década de 1980, que vinculam os movimentos não a questões de classe, mas sim a temas pós-materiais, como valores, identidade, reconhecimento.
b) Destarte os pontos acima apontados, o marxismo possui substratos capazes de levar ao entendimento dos “novos movimentos sociais”.

Percurso a ser percorrido: A fim de alcançar o objetivo do artigo, a autora parte de duas questões:
1. qual a relação entre classes e movimentos sociais? Para responder a esta questão, será analisado os conceitos de classe social e luta de classes.
2. como analisar as diferentes formas que a contestação social assume no capitalismo contemporâneo? Para responder a esta questão serão analisados textos de alguns autores que, a partir dos anos 1970, usam o conceito de classe em novas relações.

1ª parte:  A relação entre classes e movimentos sociais
Sentido do conceito de classe: dentro da análise marxista, o conceito de classe não se circunscreve à renda e/ ou dimensão ocupacional. E, o movimento de classe não deve ser entendido como tendo como consequência unicamente e diretamente a economia (economicismo). Em outras palavras, há a recusa da relação mecânica entre posição no processo produtivo e posicionamento de classe, apesar da autora deixar claro que não se deve descartar as relações existentes entre ambas. Para fortalecer seu argumento, a autora cita Poulantzas , assim como Bensaïd , que mesmo se contrapondo a Poulantzas em vários pontos, também contribui para a quebra do economicismo e do relativismo absoluto ao procurar articular critérios econômicos e político-ideológicos em sua definição de classe, promove uma distinção entre os aspectos objetivos -sociológicos - e subjetivos – políticos- de constituição de classe.
Relação entre classe e movimentos sociais: Dado a análise anterior, com Poulantzas e Bensaïd, é possível sustentar que a exploração e a dominação de classe delimitam um campo de interesses, que vai ser construído na luta de classes. Desse modo, os conflitos que os movimentos sociais expressam estão, em parte, relacionados aos efeitos da exploração e da dominação capitalistas.
Não se deve afirmar, no entanto, que os conflitos sociais traduzem uma simples polarização de interesses entre capital e trabalho, dado que a noção de classe trabalhadora engloba diferentes classes sociais, como o operariado, a pequena burguesia, o campesinato e as classes médias. Neste contexto, não se deve pensar em uma bipolarização que colocaria em campos opostos burguesia e proletariado, como se todo trabalhador pertencesse ao proletariado (ou classe operária, muitas vezes tomada como sinônimos).
Noção de Classe média: Os marxistas, em geral, têm dificuldade em trabalhar com o conceito de classe média, preferindo o termo “salariados”, advindo da sociologia francesa, que engloba os trabalhadores não operários (este termo também procura se opor à tese da moyennisation, segundo a qual não
haveria mais operários na sociedade “pós-industrial”, mas apenas classe média). A noção de moyennisation planifica as diferenças entre as diferentes classes, a partir da valorização da ascensão social. Já a falta de compreensão sobre a classe média dificulta o entendimento sobre os novos movimentos sociais, assim como dos obstáculos que cercam a construção da unidade entre diferentes
movimentos.
A definição de classe média não se dá prioritariamente a partir da base
material, mas da ideologia, envolvendo a noção de meritocracia, como forma de justificar as desigualdades econômicas e sociais. Além do mais, a autora ressalta que se deve usar o conceito de classes médias no plural, seguindo a linha de Vakaloulis (2009 ). A partir das diferenças e características objetivas e subjetivas das diversas categorias de trabalhadores é possível entender a dificuldade para uma ação coletiva e para uma ação unificada.
O que leva as classes a agir?
A autora discorda da tese segundo a qual o proletariado é um sujeito intrinsecamente revolucionário. Para fortalecer seu argumento, a autora cita Bensaïd , 1999, o qual corrobora com a visão segundo a qual o entendimento sobre o posicionamento de classe requer a análise das condições materiais e da conjuntura política, do impacto da ideologia dominante, da relação com as outras classes. Não sendo correto afirmar que a situação objetiva de classe não leve automaticamente à ação coletiva. Neste contexto, a fim de explicar como as classes agem é preciso considerar não apenas sua determinação estrutural, mas também as diferentes conjunturas políticas e as mudanças produzidas na conjuntura. Em outras palavras, é preciso entender a relação entre estrutura e conjuntura.

A partir do exposto, a autora chega a duas importantes conclusões:
a) 1ª proposição para uma definição marxista dos movimentos sociais: é possível relacionar a eclosão desses movimentos à posição de classe de seus participantes, mesmo que não apreçam claramente e mesmo que seus manifestantes não vejam suas demandas como demandas de classe (p.113).
b) 2ª proposição os movimentos não são pluriclassistas, considerando classes em sentido amplo (classes médias e camponeses no âmbito das lutas dos trabalhadores). Não sendo as classes homogêneas, os movimentos também não o são, nem do ponto de vista de sua composição, nem de suas demandas.

Análise do conceito de luta de classe: conceito controverso no interior do marxismo, pincipalmente a partir das teses de Lênin (1988 ), que promoveu uma separação entre luta sindical e luta política, acarretando na separação entre luta reivindicatória e luta de classe, vez que as reivindicações de ordem corporativa não necessariamente se insurgem contra a exploração capitalista. Esta interpretação de Lênin decorre do Manifesto do Partido Comunista (Marx; Engels, 1998 ), no qual Marx e Engels afirmam que o objetivo da ação política é a conquista do poder, de modo que a luta pela melhoria das condições de trabalho não é considerada luta de classes no sentido forte da palavra, pois não implica luta pelo poder. A fim de reforçar seu argumento e mostrar como o debate sobre as lutas de classe aparecem no Brasil, a autora cita Saes (2003 ) e Boito Jr. (2001, p.102), os quais defendem a tese de que não haveria luta de classes a não ser nos momentos de transição.

A autora, procura mostrar a existência de concepções menos restritas sobre os movimentos sociais, tanto em Marx quanto em Lênin:
a) Em Miséria da filosofia, aparece a concepção de Marx sobre as coalizões dos trabalhadores em defesa de seu salário, processo que adquirem um caráter político, vez que os operários superam a competição entre si e resistem frente aos capitalistas, permitindo o desenvolvimento de consciência de classe (marcando a passagem da classe em si para a classe para si). Por outro lado, Marx (1987, p.85-6) defende que os trabalhadores devem agir tanto no plano econômico quanto no plano político, por isso ele critica os sindicatos quando estes deixam de associar essa luta com outras dimensões da realidade social.
b) Lênin também mostra esta interpretação menos restrita em Sobre os sindicatos , de 1979, p.33. Aqui se delineia uma nova forma de luta política, além da luta política revolucionária, aparece a luta reformista (pela ampliação de direitos, pela democracia), embora o objetivo último seja a luta política revolucionária.

Luta econômica, luta política e luta sindical
Marx não propõe uma separação artificial entre luta econômica e luta
política, mas a interação entre elas. Se a luta dos trabalhadores tem por objetivo melhorar suas condições de vida sob o capitalismo, ela também pode ir de encontro aos interesses de classe da burguesia, articulando-se à luta pelo socialismo.
Não é possível também, pensar em termos de separação entre luta política e luta sindical, porque esta separação impossibilita a análise sobre os dois níveis da luta de classe: luta reivindicativa (onde se inserem os sindicatos e também os movimentos sociais); luta pelo poder (luta política revolucionária). Neste sentido, é preciso pensar a luta de classes como um processo não linear, que articula as esferas econômica e política e passa por vários níveis.
Deste modo a autora concluir que “mesmo que a movimentação dos trabalhadores não seja consciente e organizada, que a resistência à dominação seja difusa, ela ainda pode provocar efeitos importantes para o desdobramento da luta de classes” (Galvão, p.115). Para aprofundar seu argumento, a autora recorre a análise das  lutas conduzidas pelas classes dominadas ao longo dos séculos XIX e XX, a fim de mostrar que mesmo que não questionem diretamente o modo de produção capitalista, abalam as estruturas políticas (luta por direitos políticos e pela criação de direitos sociais e trabalhistas).
Na página 115, Galvão resume as formas e objetivos dos movimentos sociais, os quais não são excludentes, como ocorre na América Latina nos anos de 1990, onde há a combinação entre eles (a autora aproveita para salientar que na América Latina os movimentos sociais foram realizados pela classe trabalhadora e não por excluídos):
“1. Demandas pontuais ao Estado: subsídios para subsistência imediata (como os movimentos dos “sem”);
2. Luta por reformas (econômicas, como a distribuição de renda; das instituições políticas, como mais participação, democratização), ampliação da cidadania e preservação e ampliação de direitos sociais (que, ao longo da década de 1990, assume uma perspectiva antineoliberal);
3. Mudanças das práticas e dos valores sociais: novas relações de gênero, raciais, de preferência sexual;
4. Luta antissistêmica: questiona os fundamentos da sociedade capitalista e propõe formas de emancipação social, ainda que o projeto político portador de uma nova ordem social não esteja claramente definido”.

2ª parte: A contestação social no capitalismo contemporâneo 
Nesta parte do texto, a autora procura analisar autores marxistas (mesmo aqueles que depois tenham se afastado do marxismo), que se ativeram a questão dos movimentos sociais.
a) Castells  (1983) e Lojkine (1981 ): os autores tratam da questão urbana, não têm como foco os movimentos sociais, mas na conclusão Castells faz uma análise dos movimentos sociais urbanos. No caso de Lojkine, essa questão é tratada somente no último capítulo do livro.
A autora se concentra, inicialmente, na teria de Lojkine, mostrando o que fundamenta a definição do autor sobre os movimentos sociais, segundo o qual “o movimento social será definido, em última instância, por sua capacidade de transformar o sistema socioeconômico no qual surgiu” (Lojkine, 1981, p.298 in Galvão, p.117 ). Para realizar uma análise destes movimentos, é preciso entender suas motivações – propostas - e ações – o que é posto em prática.
A partir da análise dos autores, principalmente de três passagens, a autora chega as seguintes conclusões (p.117):
1) Os autores aqui mencionados consideram o movimento social como expressão da luta de classes;
2) Não estabelecem uma cisão entre mobilização e poder político, entre movimento social e organização política;
3) Apontam para as diferentes dimensões políticas do movimento social: lutar pela
transformação do sistema socioeconômico não equivale a dizer que o movimento seja revolucionário.
Já segundo Castells, os movimentos sociais podem ser definidos como “sistemas de práticas sociais contraditórias que controvertem a ordem estabelecida a partir das contradições específicas da problemática urbana” (Castells, 1991,p.3, in Galvão, p.117). Definição que fornece pistas sobre uma interpretação marxista dos movimentos sociais (p.117):
1) A relação entre vida cotidiana e vida no trabalho (na medida em que
a lógica produtiva domina a vida cotidiana);
2) A relação indireta entre problemas urbanos e interesses de classe; a articulação entre os diferentes problemas urbanos; a politização da questão urbana;
3) O potencial de mudança dos movimentos sociais urbanos;
4) Sua capacidade de questionar as leis estruturais da sociedade;
5) A base social interclassista desses movimentos.

b) O livro de Laclau  e Mouffe (1985): escrito num momento de crise da esquerda marxista, estes autores contribuíram no entendimento sobre as diferentes formas que os movimento sociais aparecem no sistema capitalista. A partir dos anos de 1980, as contradições sociais presentes no capitalismo não dizem mais respeito unicamente ao conceito de interesse de classe, pois não se situam na relação de produção. Deste modo, os movimentos sociais não lutam, unicamente, contra a exploração, mas contra formas de dominação de certas organizações sociais, que se caracterizam por ser capitalista, sexista, patriarcal e racista (p.118).
Segundo os autores, estes novos movimentos sociais têm forte peso contra o capitalismo e precisam alcançar a unidade para se tornar mais fortes na luta anticapitalista – lembrando que articulação não significa homogeneização. A união destes movimentos seria possível vez que lutam contra um substrato em comum: a lógica capitalista da maximização dos lucros. Estes autores se apoiam na teoria discursiva, a partir da teoria de Habermas, assim “diferentemente da tradição marxista, para a qual o sujeito são as classes sociais, para esses autores os sujeitos só existem numa estrutura discursiva que articula os elementos distintos em torno de um projeto hegemônico” (Galvão, p. 118).
Mesmo concordando com a nova ótica dos movimentos sociais, se contrapõe aos autores ao afirmar que ser necessário resgatar a importância dos conflitos de trabalho em meio às teses do fim do trabalho, do fim das classes e do declínio “irreversível” do movimento
sindical, dos anos 1980 e 1990 (Galvão, p.118), assim como resgatar o conceito de classe e concentrar atenção na dimensão política dos movimentos sociais.

Se apoiando na teoria de Béroud et al. (1998 ), a autora chega a terceira proposição para a análise marxista sobre os movimentos sociais: “todo movimento social, em
sua especificidade mesma, não pode ser compreendido sem que seja considerada
a centralidade da oposição capital/trabalho no seio das sociedades contemporâneas” (Béroud et al., 1998, p.58).

c) Se apoiando na teoria de Vakaloulis, 2003 , a autora afirma que os movimentos trabalhistas e os de cunho social são analiticamente distintos, mas possuem estrita relação. Neste sentido, os movimentos sociais não podem ser vistos apenas como uma reação a diferentes formas de dominação e opressão (Laclau e Mouffe), pois tais reações se constroem em relação com a exploração capitalista. A luta da mulher, do negro, do índio assume contornos específicos numa sociedade capitalista.

d) Relação entre classe e sexo: Deste modo é possível fazer uma análise da questão de gênero a partir da visão da mulher no mercado de trabalho, assim como faz Hirata (1995), Kergoat (1998) e Falquet (2006; 2008): Segundo Hirata, há uma relação entre a exploração no trabalho assalariado e a opressão de sexo, deste modo, como afirma a autora, o trabalho (assim como suas categorias de análise) é sexuado, tem sexo (Galvão, p.119). Kergoat (1998) por sua vez afirma que é das relações sociais de sexo que emerge a divisão sexual do trabalho.

e) Relação entre classe e raça: Segundo este ponto de vista, a desigualdade racial reforça a exploração e a dominação de classe.

f) Intersecção entre identidade étnica e de classe, como aparece nas autoras Stefanoni (2002) e García Linera (2004).
Ao analisar os diferentes campos de atuação dos movimentos sociais, a autora conclui que há um entrecruzamento de dinâmicas de classe e outros pertencimentos, que variam conforme o movimento considerado e as demandas. Deste modo, é possível afirmar que “ainda que nem todas as reivindicações sejam de classe, e nem todos os conflitos sejam anticapitalistas, essas reivindicações e conflitos podem se articular, de diferentes maneiras, com as reivindicações de classe” (Galvão, 121).

Contribuições da teoria marxista para os movimentos sociais:
a) A teoria marxista permitiria pensar a unidade por trás da heterogeneidade dos movimentos sociais;
b) Permite olhar de maneira dialética para a relação Estado-sociedade civil (análise dos limites e do poder transformador dos movimentos);
c) Discutir o que é uma luta sistêmica e antissistêmica;
d) É importante considerar o papel do projeto político e das ideologias, que influenciam a atuação dos movimentos sociais.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Existe um temperamento próprio de cada sexo? Resenha Sexo e Temperamento - Mead

Na introdução do livro “Sexo e Temperamento”, Margaret Mead (1901-1978) discorre sobre a construção dos valores sociais, a partir das características valorizadas e desvalorizadas nas sociedades, mostrando como estas não são fixas, variando no tempo e no espaço. A autora procura mostrar que valores sociais conduzem os indivíduos a certos tipos de temperamento e à aceitação de padrões de comportamento. Para fortalecer seu argumento, Mead mostra como situações aparentemente desvinculadas podem, quando enraizados na cultura, assumir extraordinária força, como o caso dos Mundugumor, que acreditavam que uma criança que nasce com o cordão enrolado no pescoço tem maiores aptidões artísticas. Este caso, assim como outros, por serem muito diferentes da nossa cultura, vemos com distanciamento, considerando-os como frutos da imaginação. Entretanto, vemos com outros olhos quando se trata das várias diferenças entre homens e mulheres, que ainda persistem em nossa sociedade, as quais se procurou

GIDDENS: O ESTADO-NAÇÃO E A VIOLÊNCIA

Pergunta para entender o lugar da força: Noção de Estado é válida para todas as sociedades? 1.       A existência de formas político-institucionais diversas 2. Feudalismo : a descentralização dos centros de poder . Funções do Estado desagregadas ao longo da cadeia hierárquica feudal . Soberania fragmentada . Direito consuetudinário e igualitário 3.       Estado absoluto: processo de concentração de diferentes poderes e centralização do poder. . Modernização jurídica: direito romano, lei passa a ter aplicação universal (exceto ao soberano) . Tributação regular e organização das finanças do Estado . Início da separação público x privado . “No Estado absolutista, o processo político deixou de ser primordialmente estruturado pela contínua e legítima tensão e colaboração entre dois centros independentes de autoridade, o governante e as cortes; agora desenvolve-se exclusivamente a partir do governante e em torno deste” (Poggi, livro: a evolução do estado moderno).

A PATRÍSTICA E A ESCOLÁSTICA

Apostila Parte 1: http://www.scribd.com/doc/71646281/Scan-Doc0040 (Livro "Fundamentos da Filosofia" digitalizado); Apostila Parte 3:  http://www.scribd.com/doc/73691190/Scan-Doc0042 (Livro "Fundamentos da Filosofia" digitalizado); Apostila Parte 2: COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia . 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. REALE, G; ANTISSERI, D. História da filosofia : patrística e escolástica. v.2. 2 ed. São Paulo: Paulus, 2005. 1. O PENSAMENTO CRISTÃO: A PATRÍSTICA E A ESCOLÁSTICA "Quem não se ilumina com o esplendor de todas as coisas criadas, é cego. Quem não desperta com tantos clamores, é surdo. Quem, com todas essas coisas, não se põe a louvar a Deus, é mudo. Quem, a partir de indícios tão evidentes, não volta a mente para o primeiro princípio, é tolo" (São Boaventura). A queda do Império Romano foi causada por uma série de problemas internos que fragilizaram o Império e o colocaram à disposição de invasões de outros po